• Procurador-geral pretende proteger casos que ainda precisam ser mais apurados
Evandro Éboli – O Globo
Escândalos na Petrobras
BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, dedicou o fim de semana à conclusão das peças que vão embasar os pedidos de abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) contra parlamentares envolvidos no esquema de corrupção na Petrobras, investigado pela Operação Lava-Jato. A lista de políticos deve ser apresentada até quarta-feira ao relator do caso no STF, ministro Teori Zavascki, juntamente com pedido de fim do sigilo em torno de inquéritos. Mas essa solicitação não será ampla, pois a intenção do procurador é manter em segredo algumas investigações ainda em andamento, para não prejudicá-las.
Ao apresentar a lista dos parlamentares, Janot pode adotar um entre três procedimentos: pedir abertura de inquérito para investigar a denúncia de envolvimento do parlamentar no escândalo; apresentar a denúncia contra o parlamentar, baseado em provas ou fortes indícios de seu envolvimento; ou pedir o arquivamento do processo, se concluir que não há provas ou indícios consistentes para enquadramento nos dois outros casos.
Se pedir a abertura de inquérito, o procurador vai indicar quais devem ser as diligências a serem realizadas em cada caso, onde podem ser buscadas e localizadas as provas. Já o ministro Teori Zavascki vai decidir se abrirá procedimentos para cada parlamentar ou para todos de uma vez só.
Janot tem como hábito usar o expediente de comunicar com antecedência ao político envolvido em alguma denúncia a situação de seu nome no caso. Janot liga e envia uma correspondência ao parlamentar, com seu parecer e com uma das seguintes conclusões: se decidiu pelo arquivamento, optou pela abertura de inquérito ou o denunciou. Mas uma fonte que acompanha o trabalho do procurador e sua equipe disse que ele pode adotar um procedimento diferente neste caso e não avisar previamente os políticos citados nas investigações do MPF.
- Ele sempre adotou essa prática quando vai citar uma pessoa, mas, para tanta gente, acredito que não seguirá o mesmo padrão. Acho provável que mude isso, porque dessa vez é muita gente envolvida. As condições são excepcionais - disse uma pessoa ligada ao procurador.
A expectativa no meio político é que Janot apresente relação com algo entre 30 a 40 nomes. Esses foram os números apontados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Yousseff, presos na Lava-Jato.
Vigilância reforçada na casa de Janot
Na reta final da denúncia e com as ameaças que sofreu recentemente, Janot está com a segurança reforçada em sua casa, num condomínio do Lago Sul, bairro nobre de Brasília. Ele teve o portão de sua casa arrombado e só circula com seguranças. Os moradores vizinhos de Janot foram orientados a não abrir o portão do condomínio para qualquer pessoa, a não ser que esteja identificada e que seja amiga da família. No último sábado, um funcionário da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) tentou entrar no condomínio para fazer a medição nos relógios do consumo de água de cada residência. E, apesar de estar com os equipamentos, uma moradora vetou sua entrada por estar sem o crachá. Ele alegou que tinha pouco tempo na empresa, por isso estava sem a identificação.
Ao perceber a presença de uma equipe do GLOBO na frente do condomínio, um segurança da casa de Janot, vestido de terno e usando um colete à prova de balas, chegou a chamar um carro da Polícia Militar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário