• Para o ministro da Fazenda, que mostrou otimismo, crise do setor elétrico influenciou no resultado da produção da economia
Fernanda Nunes e Idiana Tomazelli - O Estado de S. Paulo
No dia em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou a piora do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, em relação ao ano passado, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que os riscos para a economia, atualmente, são menores do que os do início do ano. Em sua opinião, "houve uma mudança qualitativa distinta" de cenário.
Segundo ele, a queda do PIB reflete "incertezas", como as ocorridas no setor elétrico, que há pelo menos dois anos passa por uma crise de escassez de água nos reservatórios hidrelétricos e, por isso, passou a conviver com valores elevados para a eletricidade. Mas, de acordo com o ministro, a alta da tarifa de energia ajudou a "modular o consumo" de energia.
Apesar dos números negativos trazidos hoje pelo IBGE, Levy demonstrou otimismo. Para ele, a fase mais crítica do setor elétrico já foi ultrapassada, o que deve contribuir com a melhora também da economia. Ele destacou a melhora dos reservatórios hidrelétricos ao longo do primeiro semestre do ano.
Levy disse ainda que o Brasil tem sido afetado pela retirada das políticas anticíclicas de países parceiros, o que força o Brasil a "fazer o mesmo", ressaltou. "Isso significa que o Brasil está em uma nova fase" e o ambiente é distinto em relação ao de dez anos atrás. "Temos que nos adaptar a isso", afirmou.
Diferentemente da energia elétrica, o setor petróleo, embora em condições melhores que no início do ano, deve continuar sofrendo os efeitos negativos da queda das cotações de commodities. Segundo Levy, "o impacto da queda do preço das commodities será persistente".
Grau de investimento. Levy afirmou que "o trabalho do governo é baixar o risco do Brasil. O Brasil não pode regredir no risco de investimento. O Brasil também não pode regredir na retração da desigualdade", disse.
O ministro ainda comentou que há divergência entre gastos públicos e receitas. "Houve declínio na receita federal nos últimos anos, são R$ 70 bilhões a menos, enquanto houve aumento importante de despesas", disse Levy. Segundo ele, esse risco fiscal é um dos maiores obstáculos para as empresas, e o objetivo do governo é reduzir isso. "O risco Brasil ainda é elevado", acrescentou.
A divergência também afeta a Previdência Social, que sofre efeito cíclico de tendência de alta na despesa e redução da receita. "O déficit da previdência é sistemático. O governo tem de prestar atenção nisso, principalmente quando há discussão sobre a desoneração da folha de pagamento", disse Levy.
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