Recuo estratégico
• Relator muda texto sobre mandato de 10 anos para senadores
Isabel Braga – O Globo
BRASÍLIA - A chuva de reclamações e reações contrárias à adoção de um mandato de dez anos para os senadores levou o relator da reforma política, Marcelo Castro (PMDB-PI), a recuar e modificar novamente seu texto. No seu novo relatório, os senadores terão os mandados de cinco anos, como os demais cargos. Três anos a menos que os oito que possuem atualmente. O motivo para o recuo foram as duras críticas que recebeu, não só de eleitores e colegas da comissão de reforma política, mas até mesmo de seus familiares, no grupo de WhatsApp que dividem.
- Depois que eu anunciei, não encontrei nenhuma pessoa favorável a isso. Foi reação contra dos 200 milhões de habitantes brasileiros. Sou contra isso, tenho convicção que todos os mandatos devem ter a mesma duração, mas cedi para fazer a negociação (com os senadores) porque me acusaram de ser intransigente. Agora, como mantenho, se o mundo desabou sobre mim por essa proposta, a reforma política foi jogada no lixo e virou um só item, com todas as redes sociais, blogs do mundo e de Teresina (seu reduto eleitoral) criticando, até no WhatsApp da família todo mundo (ficou) me xingando? - justificou Marcelo Castro.
O relator já anunciou e avisou os colegas da comissão da sua decisão. Segundo ele, rever isso neste momento é reconhecer seu erro e não teria demérito:
- A comissão não quer, o mundo não quer e pode enfraquecer a força da reforma política. Mudei o relatório só uma só vez e reflui em um ponto. Acho que reconhecer o erro engrandece o ser humano. Pior seria prejudicar o país, insistir em algo errado que teve uma reação tão grande e bancar o cabeça dura.
Marcelo Castro ainda está refletindo sobre a situação dos suplentes de senador. No primeiro relatório, como todos os três senadores seriam eleitos em uma mesma eleição, ele tinha proposto que os suplentes seriam os mais votados depois dos eleitos, de acordo com a ordem de votação, como acontece com os deputados. Mas ontem decidiu acatar PEC já aprovada pelos senadores que mantém o suplente de senador como alguém escolhido por ele, sem voto.
Esse PEC apenas limita em um - e não dois como é hoje - o número de suplentes de senador e veda que seja cônjuge ou parente até segundo grau. A tendência é manter essa regra. Depois de votada na Câmara, a reforma política será submetida ao crivo dos senadores.
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