- Folha de S. Paulo
A presidente Dilma Rousseff terá de fazer algo que não é de seu feitio. A nova fórmula de cálculo das aposentadorias, aprovada pelo plenário da Câmara nesta semana, forçará a petista a definir, num curto espaço de tempo, uma alternativa para substituir o mecanismo que recebeu a chancela de boa parte da chamada base de apoio do governo federal.
Rapidez na tomada de decisões não é a principal característica da atual inquilina do Palácio da Alvorada. Tanto na definição de ações de governo quanto na escolha de nomes para ocupar cargos importantes, o tempo Dilma é contado, na maioria das vezes, em meses, quase nunca em semanas, dias ou horas.
Veja a situação do Supremo Tribunal Federal. O ex-ministro Joaquim Barbosa aposentou a toga em julho do ano passado. Dilma só definiu a indicação do jurista Luiz Edson Fachin para ocupar a vaga em abril, nove meses depois da despedida do polêmico relator do mensalão.
Ainda assim, a situação não está resolvida. Às turras com a cúpula do Congresso, a petista corre o risco de ver sua indicação derrubada no plenário do Senado na próxima semana.
O pacote de novas concessões no setor de infraestrutura também vai se arrastando. Assessores chegaram até a anunciar dia e hora da divulgação, mas nada aconteceu. Agora, pelas estimativas da mesma turma, a coisa deve sair em junho.
Além do problema com o tempo, Dilma enfrentará outro complicador durante as negociações para definir um mecanismo que substitua a regra aprovada pelos deputados para calcular as aposentadorias.
Credibilidade e força são fundamentais para qualquer governo conseguir fixar e aprovar uma fórmula que evite o colapso das contas da Previdência Social e, ao mesmo tempo, não seja vista como uma garfada no direito dos aposentados.
Na atual situação, o Palácio do Planalto tem tudo, menos esses dois elementos para jogar sobre a mesa.
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