sábado, 16 de maio de 2015

Sem servidores terceirizados, UFF fecha restaurantes universitários

• Por dia, são servidas 8 mil refeições para estudantes, professores e funcionários; instituição fez dívida de R$ 12 milhões em cinco meses

Danielle Villela - O Estado de S. Paulo

RIO - Sem pagar os servidores terceirizados, que pararam de trabalhar, a Universidade Federal Fluminense (UFF) fechou nesta segunda-feira, 11, os restaurantes universitários no câmpus do Gragoatá, o principal da instituição em Niterói (cidade vizinha ao Rio), e no prédio da reitoria. Por dia, são servidas 8 mil refeições para estudantes, professores e funcionários.

A UFF acumulou nos últimos cinco meses dívida de R$ 12 milhões à empresa Luso Brasileira, fornecedora de mão de obra de limpeza, cozinha, transportes e administração. Sem salários, os funcionários interromperam os serviços. A Luso Brasileira detém o maior contrato entre as prestadoras de serviços da UFF, com cerca de 600 trabalhadores - quase metade dos terceirizados. “A situação beira o insuportável. Estávamos mantendo os pagamentos mesmo com os atrasos nos repasses, mas esgotamos nossa capacidade de pagar sem receber", disse Ricardo Casta Garcia, presidente da empresa.

O superintendente de Comunicação Social da UFF, Afonso de Albuquerque, afirma que há um estrangulamento dos recursos. “Não é um problema da universidade nem das empresas. O governo sistematicamente empenha as notas, mas não libera a verba.” Segundo ele, não há previsão de suspender as atividades acadêmicas.

O Ministério da Educação informou que até abril foi repassado R$ 1,5 bilhão de custeio para as universidades federais. O valor dado à UFF não havia sido informado até a noite desta terça, 12. “Temos o compromisso de que não faltará custeio às universidades federais este ano. Obviamente, enxugando eventuais excessos, mas esses valores serão repassados", disse nesta terça o ministro Renato Janine Ribeiro, após reunião com reitores em Brasília.

Para Renata Vereza, presidente da Associação dos Docentes da UFF, “não parece que a educação é prioridade no Brasil”. “Esses problemas afetam a qualidade do ambiente de trabalho e do ensino”, afirmou.

A associação convoca funcionários para interromper os trabalhos por 24 horas, nesta quarta-feira, 13, nos câmpus de Niterói e das cidades de Campos e Rio das Ostras. Os professores pedem reajuste de 27,3%, entre outras reivindicações. O Diretório Central dos Estudantes organiza nesta quinta-feira protesto na reitoria contra atraso nos salários dos terceirizados e no repasse de bolsas do Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES).

Crise nas universidades. A crise financeira atinge também a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). O lixo e a sujeira se acumulam há 15 dias em corredores e banheiros no campus do Maracanã, zona norte do Rio. Com salários atrasados desde o início do ano, terceirizados paralisaram serviços de limpeza e manutenção. A Uerj informou que não comentaria o assunto e que as aulas prosseguem.

De acordo com a Secretaria de Estado da Fazenda, novos pagamentos serão realizados no dia 17. 

“Todos os esforços estão sendo canalizados para que o Estado fique adimplente com todos os seus fornecedores, que já estão recebendo informações sobre o cronograma de quitação dos débitos”, diz a nota, que atribui os problemas financeiros à queda nos preços do barril do petróleo, à desaceleração do crescimento do Brasil e à crise da Petrobrás.

Desde segunda-feira, a Escola de Comunicação e a Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) suspenderam as atividades devido a atrasos no pagamento de terceirizados de limpeza e Segurança.

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