Ricardo Galhardo - O Estado de S. Paulo
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu não é o único a criticar em conversas privadas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. À medida em que a popularidade de Lula - e seus índices de intenção de votos - são corroídos pelas denúncias de corrupção na Petrobrás, trapalhadas do governo Dilma Rousseff e pelo fraco desempenho da economia, as reclamações em relação ao líder máximo do PT afloram.
Em privado, petistas reclamam da falta de discurso de Lula durante a crise, o acusam de ter imposto ao partido nomes que levaram a derrotas - como Alexandre Padilha em São Paulo - e da dubiedade de suas ações políticas. Citam, por exemplo, o fato de ele apoiar a indicação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda e depois bombardear o ajuste econômico nos bastidores.
Além disso, os críticos apontam sinais visíveis de desgaste. No início de maio, Lula discursou para uma plateia vazia em evento promovido pelo PT justamente para tentar mobilizar suas bases. Duas semanas depois cancelou a participação em outro evento esvaziado da sigla sob a justificativa de que naquele dia comemorava seu aniversário de casamento.
Outro sinal foi o recuo tanto do PT quanto de seu pupilo Nelson Barbosa, ministro do Planejamento, na ofensiva contra o ajuste fiscal proposto por Levy, ambos com o aval expresso de Lula. Para petistas próximos à presidente, a pressão de Lula contra o ajuste quase levou à uma crise sem precedentes no governo federal.
Nas últimas semanas virou moda no PT dizer que o grande erro do partido foi ter promovido a ascensão social de milhões de brasileiros sem, no entanto, politizar esta fatia do eleitorado. No passivo de Lula também consta não ter feito a reforma política no momento em que os ventos sopravam a favor.
Há ainda o fantasma de que Lula seja envolvido em investigações sobre corrupção, embora até hoje não existam provas contra ele.
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