• Presidente da Braskem, controlada pela Odebrecht, participou de encontro com Dilma
Tânia Monteiro, Cláudia Trevisan e Altamiro Silva Jr. – O Estado de S. Paulo
NOVA YORK - As investigações da Operação Lava Jato ficaram fora da pauta do único compromisso oficial da agenda da presidente Dilma Rousseff ontem em Nova York: um encontro com representantes de 25 empresas brasileiras com investimentos nos Estados Unidos. Entre elas, estava a Braskem, sociedade da empreiteira Odebrecht e a Petrobrás que é um dos alvos das investigações de corrupção.
Ao fim da reunião, o presidente da companhia, Carlos Fadigas, disse ao Estado que a operação da Polícia Federal não é assunto da viagem de Dilma e esteve ausente do encontro, destinado a discutir a ampliação de negócios e investimentos entre Brasil e EUA. "A presidente Dilma pediu aos empresários que se engajassem no diálogo com os Estados Unidos", afirmou. "É importante esta proximidade, esta parceria entre o setor produtivo e o governo, em favor da economia e das empresas, já que todos os governos fazem exatamente isso."
Perguntado se sua presença gerou constrangimento durante a reunião, Fadigas disse que não. O presidente da petroquímica sustentou que os delatores entraram em contradição nas acusações contra a empresa. A Braskcm é uma das empresas brasileiras com maior volume de investimentos nos Estados Unidos, onde lidera a produção de polipropileno. No dia 19 de junho, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão na sede da companhia, no âmbito da etapa mais recente da Lava Jato.
Entre as pessoas presas nessa etapa está Alexandrino Alencar, que era executivo da Braskem antes de se transferir para a Odebrecht. Ele pediu demissão da empreiteira, no dia de sua prisão, na semana passada. Entre outras empresas que participaram da reunião estavam Gerdau, Stefanini, Suzano, Copersucar e Cutrale. Na noite de sábado, o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, havia afirmado que a Lava Jato estaria fora de seu roteiro nos Estados Unidos: "Não vim aqui para falar disso", declarou, poucas horas depois de chegar a Nova York.
Depois do encontro, a presidente deixou o hotel em companhia da filha, Paula, e cumpriu uma agenda privada, não divulgada pela Presidência. Segundo informações obtidas pelo Estado, a presidente caminhou pela Quinta Avenida, entrou em algumas lojas e em uma farmácia. Dilma deixou o hotel por uma saída normalmente não utilizada pelos hóspedes, evitando os jornalistas. No fim da tarde, sua assessoria informou que havia a possibilidade de a presidente conceder uma entrevista coletiva, mas às 18h30 (19h30 horário de Brasília), ela decidiu que não falaria.
Economia. A Lava Jato não entrou na pauta, mas as atuais dificuldades econômicas do governo acabaram sendo tratadas na conversa dos empresários com Dilma. "A sra. não pode se deixar abater pela conjuntura. A sra. tem muito trabalho pela frente e nós estamos aqui para ajudá-la", disse Edison de Godoy Bueno, da rede de laboratórios Dasa, segundo relato de urna pessoa que estava na reunião. "O seu segundo governo é muito melhor do que o primeiro", observou.
Carlos Pastoriza, presidente da Associacão Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos defendeu o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O executivo chamou de "crime de lesa pátria" o que considerou como uma tentativa de debilitar a instituição, principal fonte de financiamento para determinados setores empresariais nos últimos anos. Todos os empresários se manifestaram durante o encontro, de acordo com Monteiro. Segundo ele, o objetivo era mais "ouvir" do que falar. Participaram também da reunião outros três ministros. O titular da Fazenda, Joaquim Levy, chegou na parte final do encontro.
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