quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Delator diz que recebia mesada para ficar calado

• Eram R$ 100 mil/mês, diz Fernando Moura

- Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O mais novo delator da Operação Lava Jato, o lobista Fernando Moura, afirmou que chegou a receber propinas no exterior de até R$ 100 mil por mês de fornecedoras da Petrobras para manter segredo sobre o esquema de corrupção na estatal.

Na delação autorizada pela Justiça nesta segunda (21), Moura também indicou que o ex-secretário-geral do PT (Partido dos Trabalhadores) Silvio Pereira mandou que ele buscasse propina ligada a obras de uma refinaria da Petrobras em 2004 no escritório de outro lobista.

Apontado pelo Ministério Público como homem de confiança do PT e do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, Moura relatou que deixou o país em 2005 após receber uma "dica" de Dirceu para "cair fora" em razão do escândalo do mensalão.

Segundo a delação, no período de 2006 a 2010 em que morou nos EUA, Moura recebeu propinas de R$ 100 mil mensais das empresas Hope e Personal, suspeitas de envolvimento no esquema de corrupção. O suborno, qualificado de "cala boca" por Moura, diminuiu para R$ 60 mil entre 2010 e 2012.

Sobre a quantia buscada a mando de Pereira em 2004, Moura disse que o valor foi de R$ 350 mil e saiu dos cofres da empreiteira Camargo Corrêa. Segundo o delator, o ex-secretário do PT disse que o dinheiro seria utilizado na campanha eleitoral de 2004.

A Camargo Corrêa informou que colabora com as investigações. Os advogados de Silvio Pereira e os representantes da Hope e da Personal não se manifestaram até o fechamento desta edição.

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