• Por corrupção e lavagem, ex- deputado do PT tem pena de 14 anos
Cleide Carvalho - O Globo
- BRASÍLIA e SÃO PAULO- A Operação Lava- Jato condenou ontem o primeiro político. O ex- deputado do PT André Vargas recebeu pena de 14 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele é acusado de ter recebido propinas de contratos de publicidade da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Saúde. Pelo mesmo esquema o irmão dele, Leon Denis Vargas Ilário, foi condenado a 11 anos e 4 meses, e o publicitário Ricardo Hoffmann, ex- dirigente da agência Borghi Lowe, a 12 anos e 10 meses.
Na sentença, o juiz Sérgio Moro manteve a prisão preventiva de Vargas e afirmou que há indícios de envolvimento dele em outros crimes. A Borghi Lowe pagou R$ 1,103 milhão em propina a duas empresas de fachada dos irmãos Vargas — LSI Solução em Serviços Empresariais e Limiar Consultoria. A quebra de sigilo bancário mostrou que elas receberam bem mais — R$ 7,4 milhões — o que indica que ainda podem ser descobertos outros crimes.
O Ministério Público Federal vinculou a assinatura de dois contratos da Caixa ( em 2008 e 2013) e um do Ministério da Saúde ( em 2010) aos pagamentos feitos às duas empresas que, para justificar o recebimento, alegaram ter produzido áudio e vídeo para a Borghi Lowe. Outras empresas que prestaram serviços para agência de publicidade também foram usadas como intermediárias de repasses e confirmaram que as empresas de Vargas não tiveram atuação alguma.
Embora o Ministério Público Federal tenha sido favorável a substituir a prisão preventiva de Hoffmann por medidas cautelares, com pagamento de fiança de R$ 957 mil, Moro disse que a conduta dele foi grave, pois pagou propina a um parlamentar que, na época, ocupava um cargo relevante, de vice- presidente da Câmara dos Deputados, o que “revela certa ousadia na prática de crimes”. Por isso, decidiu manter também a preventiva de Hoffmann.
Vargas e Hoffmann estão presos desde abril passado. Leon Vargas havia cumprido apenas quatro dias de prisão temporária. Além da pena privativa de liberdade, os três condenados deverão ter bens e valores confiscados até R$ 1,103 milhão.
Venina depõe na CPI da Petrobras
André Vargas renunciou ao mandato pressionado pelo PT, depois que seu nome apareceu, na primeira fase da Lava- Jato, ligado ao doleiro Alberto Youssef. Ele havia viajado num jatinho do doleiro e foi flagrado intermediando interesses de Youssef no Ministério da Saúde. Na época, veio à tona o escândalo da Labogen, laboratório de fachada que serviu para enviar dinheiro de propina para o exterior.
Em depoimento à CPI da Petrobras, a ex- gerente executiva da diretoria de Abastecimento Venina Velosa da Fonseca acusou o ex- presidente da companhia José Sérgio Gabrielli de saber do sobrepreço na refinaria Abreu e Lima. Ela teve de dar explicações sobre seu relacionamento com o ex- diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e a troca de e- mails entre eles, além de ser questionada sobre negócios de seu exmarido com a Petrobras.
Venina declarou que, por diversas ocasiões, alertou a diretoria da estatal sobre irregularidades em Abreu e Lima, na compra e venda de bunker ( combustível de navegação) e problemas na gerência de Comunicação do Abastecimento. Perguntada mais de uma vez se Gabrielli e o Conselho de Administração, presidido à época por Dilma Rousseff, tinham conhecimento das denúncias, ela assentiu.
Perguntada pela deputada Eliziane Gama ( PPS- MA) sobre o grau de conhecimento de Gabrielli, Venina foi taxativa:
— Ele tinha consciência não só através do Conselho de Administração, mas também das reuniões de diretoria. Essa inviabilidade foi informada.
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