• Pesquisa do BC mostra que, para bancos, índice só volta à meta em 2019
Gabriela Valente – O Globo
-BRASÍLIA- Após o Banco Central (BC) abandonar o compromisso de levar a inflação para o centro da meta em 2016, o mercado financeiro piorou as expectativas para o controle de preços no Brasil. O grupo de economistas consultados para o boletim Focus que mais acerta as apostas, o chamado “Top 5”, prevê inflação de dois dígitos este ano, o que não acontecia desde 2002. Na visão geral, o índice só atingirá o centro da meta, de 4,5%, em 2019. Segundo a pesquisa semanal do BC, a estimativa para o IPCA, o índice oficial de inflação, este ano subiu de 9,85% para 9,91%, a sétima deterioração consecutiva. Para o “Top 5”, o IPCA ficará em 10,03%. Até a semana passada, o esperado era 9,95%.
Remédio amargo para inflação
Para 2016, o “Top 5” vê uma inflação resistente, em 7,33%. O boletim mostra que este grupo está um pouco mais pessimista que as demais instituições. Na mediana, os economistas esperam um IPCA de 6,29% para o próximo ano, contra 6,22% na semana passada.
Pesa nas estimativas a avaliação de que o tarifaço deste ano terá impacto bem maior na inflação do que o projetado anteriormente. Só em 2015, a inflação dos preços administrados (como água e energia) deve ser de 16,5%. O percentual foi revisado após o BC projetar um aumento de mais de 50% na conta de luz este ano. Em 2016, as tarifas públicas devem ter alta de 6,75%.
O pessimismo contaminou outras projeções. A economia deve encolher 3,05% neste ano (a aposta anterior era de 3,02%) e 1,51% em 2016 (1,43% anteriormente). Esse é um argumento favorável para a convergência da inflação para a meta em 2017: com menos renda e emprego, o brasileiro deve consumir menos, e os empresários não elevarão mais os preços.
— Com a recessão de 1,5% no ano que vem, é possível que haja convergência para a meta em 2017. Serão dois anos de recessão, coisa que não acontece desde a crise dos anos 1930. A inflação será controlada por uma situação terrível. É um efeito positivo de uma situação dramática — afirmou Alcides Leite, professor da Trevisan.
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