quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Executivo da Mendes Junior é condenado a 19 anos de prisão na Lava-Jato

Por André Guilherme Vieira – Valor Econômico

SÃO PAULO - O acionista e membro do conselho de administração da Mendes Júnior Engenharia, Sergio Cunha Mendes, foi condenado a 19 anos e quatro meses de prisão por cinco atos de corrupção ativa, 11 de lavagem de dinheiro e associação criminosa em processo decorrente da Operação Lava-Jato. A decisão é do juiz Sergio Moro, titular das ações penais e inquéritos do caso Petrobras na primeira instância da Justiça Federal do Paraná. Mendes, no entanto, poderá recorrer em liberdade. O juiz autorizou que ele retirasse a tornozeleira eletrônica usada como alternativa ao cárcere.

Rogério Cunha Pereira, ex-diretor de Óleo e Gás da empreiteira, foi condenado a 17 anos e quatro meses de reclusão pelos mesmos delitos. Alberto Elísio Vilaça Gomes, que o antecedeu no cargo, recebeu 10 anos de prisão.

O magistrado estipulou em R$ 31,4 milhões o valor mínimo necessário para que os condenados indenizem os danos causados pelos crimes, a serem restituídos à Petrobras. A decisão não é definitiva e cabe recurso.

Ângelo Alves Mendes - acionista da holding e vice-presidente corporativo - e o engenheiro José Cruvinel Resende foram absolvidos por falta de provas. Segundo a decisão, a corrupção "envolveu o pagamento de propina de R$ 31,4 milhões à diretoria de Abastecimento da Petrobras".

Moro foi categórico ao refutar o álibi apresentado pelos réus, de que os pagamentos teriam sido resultado de extorsão. "Quem é extorquido, procura a polícia e não o mundo das sombras", disse.

"Quem teria ameaçado a Mendes Júnior para que ela pagasse propina até 2013?", indagou Moro, na sentença. "José Janene [deputado federal pelo PP do Paraná, responsável pela indicação de Costa à área de Abastecimento] estava morto desde 2010 e Paulo Roberto Costa afastado da diretoria da Petrobras desde abril de 2012. Já Alberto Youssef, o intermediador, não teria potencial para intimidar a Mendes Júnior. Ainda que saiba, por outro lado, que os valores eram também distribuídos a agentes políticos, isso não foi admitido por Sergio Mendes e por Rogério Cunha em seus interrogatórios, tornando toda a versão inconsistente com a realidade provada", entendeu o magistrado.

Costa e Youssef foram condenados, mas terão as penas revistas como parte de suas delações. A Mendes Júnior informou que "não se pronuncia sobre inquéritos e processos em andamento".

(Colaborou Marcos de Moura e Souza, de Belo Horizonte)

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