• Estatal afirma que paralisação vai afetar arrecadação de tributos
Bruno Rosa - O Globo
A greve de trabalhadores da Petrobras já afeta em cheio a produção de petróleo da estatal. Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a companhia destacou que anteontem deixou de produzir 273 mil barris de petróleo por dia, o que equivale a uma queda de 13% na sua produção no país. Além disso, houve recuo de 14% na produção de gás natural. “Adicionalmente, 7,3 milhões de metros cúbicos de gás natural deixaram de ser disponibilizados”, disse a estatal em nota.
Ontem, segundo estimativas da própria companhia, a produção de petróleo foi reduzida em mais 8,5%. No caso do gás natural, o recuo chega a mais 13%, se comparado com o que estava sendo produzido antes do início da greve, na última quinta-feira.
O recuo ocorre em um momento de queda na produção e de pesados cortes de investimento para manter o caixa da empresa. Em meados de outubro, a Petrobras havia informado que a produção em setembro registrou queda de 6,7% em relação ao mês anterior, para 2,06 milhões de barris por dia de petróleo, devido a paradas programadas de plataformas.
Perda de US$ 25 milhões por dia
Ontem, a Petrobras destacou que o recuo de produção, com a greve, vai afetar a “arrecadação de tributos recolhidos em favor da União Federal, estados e municípios, como os royalties e a participação especial”. A Petrobras, no entanto, descartou o risco de desabastecimento do mercado.
Cálculos da Federação Única dos Petroleiros (FUP), porém, indicam que a greve de trabalhadores da Petrobras reduziu a produção de petróleo da empresa em cerca de 25% entre domingo e segunda-feira. Nas receitas da estatal, o óleo que deixou de ser produzido significa menos US$ 25 milhões por dia. A estimativa de perda de receita foi feita por consultores, considerando o preço do barril de petróleo Brent, referência no mercado, a US$ 50.
— (Nesse cálculo) estamos falando só sobre o que ela deixou de arrecadar pelo valor da mercadoria, fora as margens, que são difíceis de calcular, porque dependem de cada produto, mas no mínimo foi isso — afirmou o sócio-diretor da consultoria DZ Negócios com Energia, David Zylbersztajn.
De acordo com o coordenador-geral da FUP, José Maria Rangel, nas primeiras 24 horas, a greve fez com que a Petrobras deixasse de produzir 500 mil barris de petróleo, 450 mil só na Bacia de Campos. Rangel ainda não tinha um levantamento do avanço da paralisação ontem. Segundo o sindicalista, também há relatos de adesão à greve nas refinarias da Petrobras de Cubatão (São Paulo) e na Bahia, mas não foram registrados problemas com distribuição.
A paralisação dos funcionários filiados à FUP tem como principal objetivo protestar contra o corte no plano de desinvestimentos da Petrobras. A Federação congrega 12 sindicatos e diz representar 70% da categoria.
Zylbersztajn questionou a atitude dos sindicalistas:
— Essa greve não é nem um tiro no pé, é um tiro na cabeça.
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