- Folha de S. Paulo
Este 2015 foi mais do que um ano perdido para o Brasil; marcou um período em que a regressão política, econômica e moral experimentou dias de glória. Para manter a tradição, seu encerramento vê lances burlescos, engraçados se não traíssem as trevas visíveis que iluminam a aurora de 2016.
Superados os "memes" que deliciaram a infância mental das redes sociais, e nem seria diferente com um cardápio de cenas de Parlamento sul-coreano, picardias epistolares e até um "barraco na festa da firma" de brinde, temos uma semana decisiva.
Começando pelos atos deste domingo (13) em favor da deposição de Dilma, que se insinuavam limitados, mas podem trazer surpresas.
Elas virão se transbordar do mundo político para a vida real a dissociação entre o impeachment e as absurdas manobras comandadas por Eduardo Cunha para tentar salvar seu mandato na Câmara.
Para atores pró e contra Dilma, isso é fato consumado, mesmo com os ruídos da vendeta do peemedebista e da retórica palaciana que grita "golpe!". Mas a rua é uma incógnita.
Como todo moleque, o Brasil precisa de um bedel, papel que o Supremo vem sendo chamado a desempenhar com frequência reveladora.
Na quarta (16), ao discutir de forma limitada ou ampla o impeachment, caberá à corte garantir que há esperança de voltarmos ao caminho do crescimento institucional.
Oremos. Se não se espera uma versão togada da pancadaria vista no plenário e no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar (sic) da Câmara, cabe lembrar o longo histórico de discussões acaloradas entre ministros, que evidenciam divergências bem mais sérias e com implicações diretas no debate do impedimento.
E pode não ser só isso. A confiar no que se diz pelos corredores, um último presente de Natal da crise de 2015 estará logo sob o pinheirinho da Procuradoria-Geral da República. O Ano Novo vai demorar para chegar.
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