• Presidente afirma que seu governo não quer interferir no PMDB
Por Catarina Alencastro – O Globo
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira que não se surpreendeu com a decisão do PSDB de aderir ao pedido de impeachment deflagrado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), porque, segundo ela, os tucanos sempre foram a base desse pedido. Ela afirmou que seu governo não quer interferir no PMDB.
— Não é possível que os jornalistas aqui presentes tenham ficado surpreendidos (com a adesão do PSDB ao impeachment). Aliás, a base do pedido e das propostas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, é o PSDB. Sempre foi. Ou alguém aqui desconhece esse fato? Porque se não fica uma coisa um pouco hipócrita da nossa parte nós fingirmos que não sabemos disso — disse Dilma em rápida entrevista após a cerimônia da 21ª Edição do Prêmio Direitos Humanos.
Dilma afirmou que sua conversa com o vice Michel Temer, na última quarta-feira, foi "muito rica".
— Tivemos uma conversa pessoal e institucionalmente, do meu ponto de vista, muito rica. E colocamos a importância de todos os nossos esforços em direção da melhoria da situação econômica e política do nosso país — afirmou.
Perguntada sobre o pedido de Temer para não se intrometer nos assuntos internos do PMDB, conforme publicado na edição de hoje de O GLOBO, a presidente respondeu:
— A minha conversa com o vice-presidente Temer eu entendo que ele tenha considerações em relação ao PMDB, ele é presidente do partido. Então o governo não tem o menor interesse em interferir nem no PT, nem no PMDB, nem no PR. Agora, o governo lutará contra o impeachment. São coisas completamente distintas — afirmou, referindo-se inicialmente a Temer como presidente e somente em seguida fazendo a correção.
Depois de Dilma, o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, disse que desde que foi derrotado nas eleições do ano passado, o PSDB vem tentado contestar o resultado das urnas. Ele disse lamentar que pessoas que sempre defenderam a democracia tenham se esquecido do passado e abram mão de seus princípios. Ele não quis citar nomes.
— O PSDB, desde o resultado das eleições, tem buscado construir um processo, pediu recontagem dos votos, tentam encontrar fatos para o impeachment, não vejo nenhuma novidade na posição que o partido oposicionista vem tendo nesse momento. Lamento que algumas pessoas que historicamente ajudaram a construir a democracia e que têm uma biografia no estado de direito parece que esqueceram o que defenderam no passado e agora, por questões momentâneas, abrem mão de princípios para se somar a uma situação na busca de um impeachment que não tem a menor base constitucional — afirmou.
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