- O Globo
É o caos. O que aconteceu foi um corte linear que afetou a saúde pública, uma área que deveria ser protegida. É uma insanidade fechar hospitais em meio a um surto de zika. Certamente é coisa pensada por pessoas que trabalham na área da Fazenda, que não têm o menor senso de humanidade.
A crise é resultado dessa política de nomeações. O problema é de gestão. O secretário não teve o poder de reverter o corte na Saúde. O que será da população que necessita desses cuidados? Uma população que envelhece, que tem doenças crônicas e está diante de uma epidemia. Isso dificulta inclusive a vida de pacientes com câncer, por exemplo.
Fica claro nesse momento que a solução não é organização de saúde. Ela é parte do problema, não da solução. Precisamos que estado, municípios e os serviços federais se organizem. É muito perigoso fechar uma unidade. A rede municipal vão ficar sobrecarregada. Pode faltar insumo. E é claro que a sobrecarga vai gerar um problema para as emergências municipais, que já trabalham com uma carga muito além do que podem receber.
Ter o acesso à saúde negado é a maior humilhação a que o ser humano pode ser submetido. É uma situação de supremo sofrimento. É uma situação de vulnerabilidade, de estar doente. Ela tira desse indivíduo a sua capacidade. E são os que mais precisam que mais sofrem nessas horas.
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Ligia Bahia, médica e professora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Feral do Rio de Janeiro (UFRJ)
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