Por Camilla Veras Mota – Valor Econômico
SÃO PAULO - A Central Única dos Trabalhadores (CUT) viu como positiva a substituição de Joaquim Levy por Nelson Barbosa no comando do Ministério da Fazenda, mas rechaça qualquer tentativa de mudança nas regras da Previdência Social.
Em entrevista publicada ontem no portal da entidade, o presidente da central, Vagner Freitas, reiterou que a agenda do movimento trabalhista neste ano deve seguir contrária a qualquer mudança que represente "retirada de direitos" e ressaltou que o novo ministro tem "a faca e o queijo na mão" para voltar a aquecer a economia, com redução de juros e estímulo ao crédito. O compromisso de reformar o sistema de aposentadoria foi citado por Barbosa no dia de sua nomeação como uma das prioridades de sua gestão.
Freitas disse se opor aos modelos de previdência vigentes no México e no Chile, onde o governo "vendeu" o sistema de proteção para as empresas privadas, e afirmou que o governo "precisa se posicionar" sobre esse assunto.
Para ele, o sistema público e universal de previdência é "tranquilamente sustentável", desde que os sonegadores sejam cobrados, que o orçamento da seguridade social seja usado apenas para seu financiamento e que a contribuição das empresas passe a ser calculada sobre o faturamento.
Qualquer discussão que venha a ocorrer, diz, deve ser feita no âmbito do Fórum de Debates sobre Políticas de Trabalho, Renda, Emprego e Previdência, criado pelo governo no ano passado para debater questões como essa com o movimento trabalhista, que reclamava da falta de diálogo com a presidente.
"O Nelson Barbosa tem a faca e o queijo na mão para vir agora com notícias boas para o Brasil. Se ele continuar com o discurso de ajuste fiscal e segurar a economia, vai perder a chance de aproveitar o clima do fim do ano, em que conseguimos equilibrar o jogo com os direitistas", afirmou. Freitas destacou o barateamento do crédito e a redução da taxa de juros como mecanismos que deveriam ser usados pelo novo ministro para "reaquecer o mercado interno". Ele disse ainda considerar Levy um representante da "política de benção ao mercado financeiro".
A inauguração do calendário do Legislativo deste ano, em março, dará início também à agenda de manifestações da CUT. Para Freitas, as ações "em defesa de direitos e da democracia" conduzidas pela central no ano passado foram cruciais para que movimentos não diretamente alinhados ao governo de Dilma Rousseff, mas contrários "ao retrocesso e ao golpe", se juntassem às demonstrações contra o impeachment. Assim, na esteira dos esforços dentro da "disputa de opinião" que tem caracterizado as discussões na sociedade brasileira, essas ações devem se estender também ao longo deste ano.
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