- Folha de S. Paulo
Há uma semana, o novo líder do PSDB na Câmara reconheceu que o partido errou no ano passado ao apoiar a pauta-bomba e sabotar o ajuste fiscal. "Cometemos algumas extravagâncias", afirmou Antonio Imbassahy a esta coluna.
Ele admitiu que a investida contra o equilíbrio fiscal foi "danoso" à imagem da sigla e prometeu uma guinada em 2016. "Vamos facilitar o que for necessário para revigorar a economia", disse, ressalvando que não apoiará o aumento de impostos.
Ontem o senador Aécio Neves reapareceu em Brasília após o Carnaval prolongado do Congresso. Seu discurso foi bem diferente. "Não há alteração de um milímetro sequer na posição do PSDB", disse, resoluto.
O tucano foi questionado sobre possibilidade de estabelecer um diálogo mínimo com o governo. Sua resposta também foi negativa. "A presidente não tem hoje autoridade e credibilidade, pelas mentiras infinitas que lançou ao Brasil inteiro, de dialogar com as oposições", atacou.
Aécio teve motivos para se queixar da campanha de 2014. Dilma Rousseff e o PT esconderam o rombo nas contas públicas. Sempre que falava nos problemas, o tucano era chamado de pessimista. Quando a eleição acabou, a presidente esqueceu o próprio discurso e abraçou a agenda econômica do adversário.
Tudo isso é verdade, mas um ano se passou e o país segue ladeira abaixo, na maior recessão da história recente. Embora a crise tenha sido gestada pelo governo, seu agravamento exige uma atitude mais responsável também da oposição, que precisa superar o ressentimento eleitoral.
Uma das tarefas mais urgentes é reformar a Previdência. A população envelhece, a taxa de natalidade despenca e o sistema precisa ser alterado o mais rápido possível. Em vez de defender as posições históricas do PSDB, Aécio diz que só aceita discutir o assunto quando houver consenso no outro lado. É mais uma forma de interditar o diálogo e prolongar a eleição que nunca termina.
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