• Ex-presidente enviou 37 caixas com bebidas para Atibaia, diz revista
- O Globo
Investigado em três frentes, o ex-presidente Lula recebeu ontem, em São Paulo, visita da presidente Dilma. Em reunião com aliados no Instituto Lula, o petista evitou falar de denúncias que ligam seu nome a um sítio em Atibaia e a um tríplex no Guarujá. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, defendeu a campanha eleitoral de Dilma e disse que Lula tem “absoluta lisura”. O ex-presidente Lula evitou tratar das investigações que o envolvem nas operações Lava-Jato e Zelotes, durante encontro do conselho do instituto que leva seu nome. Ao lado de intelectuais, ex-ministros e aliados, Lula, segundo relatos, direcionou o debate para a atuação da entidade em 2016 e disse que “questões relativas a ele, ele mesmo enfrenta”. Lula tem evitado eventos públicos desde o surgimento de denúncias que envolvem seu nome com a compra de um tríplex no Guarujá e o uso de um sítio em Atibaia.
A presidente Dilma Rousseff esteve em São Paulo para um encontro reservado com Lula. Foi o primeiro encontro entre os dois desde o dia 4 de janeiro. Antes de se reunirem, a expectativa de auxiliares da presidente era que Lula detalhasse sua defesa sobre o tríplex do Guarujá e o sítio de Atibaia.
De acordo com reportagem da revista “Veja”, Lula enviou ao sítio de Atibaia 200 caixas com objetos dele e da família logo após deixar o governo. Das 200 caixas, 37 continham bebidas, como mostram notas fiscais e ordens de serviço emitidas por uma transportadora contratada pelo governo federal. A entrega do material no sítio ocorreu em 8 de janeiro de 2011, dois meses após a compra do imóvel em nome dos empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar, que são sócios de Fábio Luis Lula da Silva, o Lulinha, filho mais velho do ex-presidente.
Ontem, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, voltou a defender o ex-presidente. Segundo Cardozo, que deixou claro que não interfere nas investigações, Lula sempre agiu com lisura, e setores da oposição querem manchar a imagem do petista por considerá-lo um adversário forte e respeitado.
— Eu tenho o presidente Lula como um grande líder, uma pessoa que eu sempre acompanhei, um líder que age com absoluta lisura nos seus comportamentos, nas suas ações. Com relação a investigação, não cabe a mim tecer nenhum juízo de valor, ela será feita com autonomia, como todas as investigações. Muitos da oposição se unificam nessa hora para tentar atingir a imagem de um adversário que politicamente é muito forte e sempre foi muito respeitado — disse o ministro da Justiça.
Cardozo também disse ter “absoluta convicção” de que não houve caixa dois na campanha de 2014 de Dilma. Ele disse que, mesmo não tendo participado do núcleo do PT na campanha, acompanhou o processo “como militante”.
— Tenho absoluta convicção de que na campanha na presidente Dilma não houve situação nenhuma de pagamentos ilegais. Já há tantos processos, e as contas foram aprovadas, tudo absolutamente regular. Não vejo constrangimento — disse Cardozo.
O Ministério Público pediu ao Supremo a abertura de inquérito para investigar se o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, foi um dos beneficiários do esquema de corrupção da Petrobras, como o acusou o dono da UTC, Ricardo Pessoa. Cardozo afirmou, porém, que Edinho sempre disse que as contas da campanha são legais.
O encontro de ontem no Instituto Lula contou com a participação dos advogados Roberto Teixeira e Cristiano Zanin Martins, que advogam para o ex-presidente nas acusações que envolvem serviços prestados por um de seus filhos e a reformas feitas por empreiteiras do sítio e do apartamento no litoral paulista.
Segundo relatos dos presentes, Lula evitou que o tema fosse objeto de discussão e orientou para que o debate ficasse restrito ao papel que o instituto deve exercer neste ano, em meio à crise econômica. O ex-presidente se reuniu com os advogados logo após o encontro do conselho, no mesmo hotel.
Segundo participantes do debate, a socióloga Maria Victória Benevides fez uma intervenção em solidariedade ao ex-presidente, dizendo que ataques à sua honra eram seletivos e persecutórios, com propósitos “político-eleitorais”. Foi neste momento que Lula interveio para dizer que “questões relativas a ele, ele mesmo enfrenta”.
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