- Folha de S. Paulo
O volume de dinheiro arrecadado pela Receita Federal no primeiro mês deste ano ainda não é conhecido do grande público, mas o governo Dilma já sabe que o caixa segue em estado de penúria.
Essa é uma das razões para a equipe econômica, com a concordância da presidente, ter empurrado para março o anúncio do represamento de gastos que os ministérios serão obrigados a fazer para, em tese, cumprir o prometido desde o final do ano passado: segurar, em parte, a escalada da dívida pública até dezembro.
O grande problema dessa enrolação é que, na prática, ninguém acredita que o governo vai conseguir entregar em dezembro a economia prometida pelo ministro Nelson Barbosa e reforçada pela chefe nos últimos meses. Nem mesmo os amigos que circulam com crachá no Planalto.
Adeptos da política "me engana que eu gosto", e avessos ao reconhecimento de obviedades, a turma dos gabinetes federais já colocou a máquina de invenções para funcionar. A estratégia é velha conhecida. Vão produzir alguma medida que garanta, no papel, a manutenção do arrocho, mas, no mundo real, estarão abrindo espaço para o descumprimento do prometido, sem maiores complicações para os envolvidos.
Barbosa, por exemplo, quer uma uma margem de flutuação para a meta fiscal. Na prática, isso significa que, se a economia estiver descendo a ladeira, como agora, o governo poderá "descontar" do aperto prometido parte da queda verificada nas receitas. Ou seja, o governo manterá a promessa de fechar o ano no azul, mas terminará no vermelho.
Mas a proposta mais brilhante, até o momento, foi revelada pela Folhaontem. Querem pegar R$ 16 bilhões que o Tesouro depositou na Caixa e no Banco do Brasil para pagar dívidas reconhecidas pela Justiça –mas que ainda não foram reclamadas– para evitar a tesourada nas despesas.
Em outras palavras, vão fazer economia com o dinheiro dos outros. A criatividade federal não tem limites.
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