- O Tempo (MG)
Agora que o último folião guardou a fantasia, é possível encarar 2016 e seus desafios.
O horizonte não é nada animador. O desemprego ronda a casa dos 9%, podendo bater na porta de 11 milhões de brasileiros até o fim de 2016. Vivemos, provavelmente, a maior recessão de nossa história, com três anos seguidos de crescimento negativo. No ano passado, demos marcha à ré de 3%. A produção industrial despencou 8,3%. Nossa indústria está indo pelo ralo, perdendo competitividade e posições na economia global. Mesmo com todo esse desaquecimento, a inflação persistiu alta, muito acima das metas traçadas pelo Banco Central. O IPCA fechou acusando uma alta de 10,67% nos preços. Até a notícia boa não é tão boa. A balança comercial registrou um superávit de quase US$ 20 bilhões. Mas, quando se vê com lupa, se enxerga que não foi um vigoroso aumento das exportações que produziu o resultado. Ao contrário, as exportações recuaram 14,1% em 2015. Acontece que as importações caíram muito mais: 24,3%.
O cenário fiscal é uma tragédia. Governo federal, governos estaduais e prefeituras são abraçados por um quadro de escassez completa. Dívida e déficits são crescentes. O corte de despesas não é fácil, dada a rigidez dos orçamentos públicos. A tolerância da sociedade com novos aumentos de impostos é próxima de zero. Consumo e investimento devem continuar ladeira abaixo.
O governo Dilma tenta encobrir seus erros imputando a crise ao quadro mundial derivado do tsunami econômico de 2008. Essa tentativa não resiste a um sopro. Embora haja incertezas no cenário global, o mundo cresceu mais de 3% em 2015, enquanto amargávamos um recuo equivalente. Apesar da queda do preço das commodities, nossa economia poderia estar com uma trajetória de crescimento como outros países latino-americanos ou como os Brics Índia, China e África do Sul. Bastava ter feito o dever de casa, com reformas estruturais, responsabilidade fiscal e melhoria do ambiente institucional. A crise é “made in Brasil”, e não adianta o PT tentar se desvencilhar de sua obra e de seus desastrosos resultados.
Diante de tudo isto, o que esperar de 2016?
O governo Dilma já revelou sua incapacidade de liderar a retomada. A crise é grave e exige mudanças. Precisaríamos de um choque de confiança e reformas como o que está sendo promovido por Macri na Argentina. Mas isso exige liderança, pulso, convicção, apoio, credibilidade. Tudo o que Dilma e o PT não dispõem no momento.
O ideal seria a convocação de novas eleições. Mas, no presidencialismo, os mandatos são rígidos. O impasse brasileiro é esse. Precisamos de mudanças urgentes, mas o impeachment ficou mais distante após as decisões do STF, o TSE não julgará rapidamente a cassação da chapa Dilma/Temer por abuso do poder político e econômico, e a renúncia não parece fazer parte do repertório de nossa desgastada presidente.
Infelizmente, o Brasil está perdendo o fio da meada!
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Marcus Pestana é deputado federal (PSDB-MG)
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