Por Fernando Taquari – Valor Econômico
SÃO PAULO - O PMDB paulista quer aproveitar a eleição municipal de 2016 para pavimentar a candidatura do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, ao governo do Estado em 2018. Por isso o partido pretende lançar o maior número possível de candidatos a prefeito e vice-prefeito, sobretudo em cidades que sejam centros de regiões, cujas as inserções de 30s ao longo do dia durante a campanha eleitoral são reproduzidas em municípios menores do entorno que não tem um sinal próprio de TV.
Segundo colocado na campanha de 2014 para governador de São Paulo, Skaf deve aparecer em algumas dessas inserções como cabo eleitoral de candidatos e prefeitos que concorrem à reeleição em 2016. A ideia ganhou fôlego no PMDB paulista depois que um levantamento do instituto Paraná Pesquisas mostrou o presidente da Fiesp bem posicionado na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes. Skaf lidera em um cenário com o senador Aloysio Nunes Ferreira como candidato do PSDB e fica em segundo quando o adversário tucano é o senador José Serra.
A pesquisa despertou o ânimo dos pemedebistas diante do desgaste no Estado do PT, que ainda não tem um nome de consenso para a eleição estadual, e dos sinais de que Serra pode se filiar ao PMDB para concorrer à Presidência da República em 2018, o que deixaria o caminho aberto para Skaf. Procurado pela reportagem, o presidente da Fiesp afirmou por meio de sua assessoria que não comentaria o assunto. Aos correligionários, no entanto, tem reforçado nos encontros partidários e nas viagens ao interior que fez no ano passado que o "trabalho de 2018 começa em 2016".
A decisão de fortalecer o partido em São Paulo casa com a estratégia de parte do PMDB nacional de se desvincular do PT de olho na próxima eleição ao Palácio do Planalto. O comando estadual, porém, não vai orientar os diretórios municipais a evitarem alianças com os petistas. "Vamos respeitar a realidade local, sem interferências deste tipo. Cada cidade tem uma situação diferente. Nosso esforço é para que tenhamos candidato próprio em todas as cidades, principalmente os grandes municípios", disse o presidente do PMDB-SP, deputado federal Baleia Rossi.
O partido pretende eleger 100 prefeitos e 100 vice-prefeitos em 2016, segundo o dirigente estadual. Em relação a 2012, essa projeção representaria um crescimento em número de prefeituras e vice-prefeituras de 12,3% e 25%, respectivamente. Caso se confirme, o resultado também consolidaria o papel de Baleia, sob a articulação do vice-presidente Michel Temer, de recuperar gradualmente o protagonismo do PMDB no Estado em um processo que teve início na eleição passada e interrompeu uma trajetória contínua de queda no número de prefeituras pemedebistas em território paulista que vinha desde 2000.
Naquele ano, o partido venceu em 111 cidades. A disputa interna, contudo, entre os grupos de Temer e do ex-governador Orestes Quércia dividiu o PMDB nas eleições seguintes. Em 2004 foram 89 prefeitos eleitos. Em 2008 a legenda amargou seu pior resultado desde redemocratização, com a vitória em apenas 69 prefeituras. Com a morte de Quércia em 2010, Temer e seus aliados assumiram o controle do diretório estadual e isolaram os políticos ligados ao ex-governador morto. Essa articulação permitiu ao PMDB paulista dar um salto de 28,9% em 2012 ao vencer em 89 municípios.
Baleia garantiu que Temer será ativo na campanha deste ano. A grande aposta do comando estadual é a candidatura da senadora Marta Suplicy na capital paulista, cujos os principais entusiastas são Skaf e o vice-presidente. Uma vitória da ex-prefeita no maior colégio eleitoral do Estado asseguraria um importante palanque ao presidente da Fiesp em 2018. O PMDB também está em reta final para definir algumas candidaturas no interior.
O ex-prefeito Renato Amary concorrerá em Sorocaba. O ex-ministro de Portos e deputado federal Edinho Araújo pode disputar em São José do Rio Preto. O vereador Cido Saraiva aparece cotado em Araçatuba. Em Araraquara o secretário de Governo, Aluísio Braz, o Boi, desponta como nome mais forte para defender o legado do prefeito Marcelo Barbieri. Já o ex-vereador Argus Ranieri tentará mais uma vez a Prefeitura de Guaratinguetá.
Na Grande São Paulo, estão definidas as candidaturas à reeleição de Paulo Pinheiro em São Caetano, de Saulo Benevides em Ribeirão Pires e da deputada estadual Vanessa Damo em Mauá. Além disso, o PMDB-SP ainda busca nomes para encabeçar as chapas em Ribeirão Preto, São José dos Campos, Taubaté, São José dos Campos, Presidente Prudente e Bauru, onde o prefeito Rodrigo Agostinho não pode mais concorrer. "Nos municípios em que não tivermos candidato próprio, vamos batalhar para ter a vice", afirmou Baleia.
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