• Sem espaço no PMDB para disputar a prefeitura do Rio, Carlos Roberto Osorio deixou a Secretaria estadual de Transportes e vai migrar para o PSDB. A filiação será formalizada nesta quinta- feira, em um ato na sede do partido, em Brasília.
Marco Grillo - O Globo
O ato de quinta-feira será só de filiação ou de lançamento de sua pré-candidatura?
Ato de filiação.
O que motivou o senhor a sair do governo e se filiar ao PSDB?
A primeira motivação foi o convite do PSDB. Há uma identificação grande. Por outro lado, fui o deputado estadual mais votado pelo PMDB na capital, mas é um partido com muitas lideranças. O espaço para uma pessoa nova não é muito grande, porque o PMDB tem uma fila. Entendi que, com a definição (do PMDB) da candidatura à prefeitura do Rio, o espaço para mim talvez não fosse o que imaginava.
A proximidade do PMDB do Rio com o PT incomodava o senhor?
Fui convidado por um partido que tem uma visão de mundo diferente da do PMDB, que está alinhado estritamente ao governo federal. Eu não concordo. Essa proximidade incomodava.
O senhor vai ser o candidato do PSDB à prefeitura do Rio?
Apresentei meu nome, mas entendo que é uma coisa que tem que ser construída. Meu nome está à disposição, mas o partido tem outros bons nomes.
O senhor quer ser prefeito?
Eu me sinto preparado e em condições de ser um bom prefeito. Mas isso não está acima do projeto do partido. Se eu não for o nome ideal, será outro.
O senhor fez parte da atual administração. Como se diferenciar?
Com um projeto voltado ao atendimento das necessidades dos cidadãos e reconhecendo o que foi feito. Fiz parte da administração e participei dos avanços dos últimos anos. É preciso defender as conquistas e agregar outra visão, de mais proximidade com o cidadão. Para construir uma cidade, não bastam tijolo, cimento, pontes e viadutos.
A gestão atual peca nesse quesito?
Entendo que pode ser melhorado.
É o único ponto fraco da gestão?
É prematuro entrar em discussão de avaliação da atual administração.
Dentro do PMDB, o senhor manifestou a intenção de ser candidato?
Sim. Respeito a hierarquia partidária e entendo que prefeito tenha direito de coordenar processo de sua sucessão. Se houve decisão, não me cabe questionála, mas sim meu posicionamento dentro da instituição.
O fato de o prefeito ter dito ao COI que a Linha 4 do Metrô pode não ficar pronta para as Olimpíadas acelerou a saída?
Acabou precipitando, mas a saída já estava definida.
O senhor se sentiu traído?
Não. Tenho que tratar do que sei. Quando tomei conhecimento, liguei para o governador e mandei um WhatsApp ao prefeito, dizendo que as obras estavam no prazo e me colocando à disposição para esclarecer qualquer dúvida.
Ficou alguma mágoa do prefeito?
De maneira nenhuma. O prefeito deve ter tido seus motivos. Com as responsabilidades que tem, entendeu por bem fazer essa alerta.
O senhor volta a exercer o mandato de deputado estadual. Como fará oposição ao governo que integrava?
Estarei afinado com a posição do PSDB, que é correta: não fazer oposição por oposição. Vou defender o governo Pezão nos pontos importantes neste momento de crise. Não serei um deputado do quanto pior melhor.
Eventualmente, se for a orientação do partido, votar contra o governo...
Se for necessário, votar contra o governo, mas votar a favor nos pontos que eu entender meritórios.
Já circula uma foto sua com Pedro Paulo (secretário municipal de Coordenação de Governo e possível candidato do PMDB) dizendo que, na campanha, vocês vão se dizer adversários, mas que sempre estiveram juntos.
Fomos do mesmo governo. Mas vou representar uma visão diferente, se for escolhido o candidato. A cidade teve ganhos nos últimos anos e tenho orgulho de ter participado de alguns projetos. Mas tenho uma visão crítica. Eu sou eu, e o Pedro Paulo é o Pedro Paulo.
Ele é acusado de ter agredido a ex-mulher. Na campanha, o senhor se sentiria confortável para tocar nesse assunto ?
Primeiro, tenho que me tornar candidato e depois responder. Entendo que quem vai fazer essa avaliação é a população. É um fato de domínio público. Evidentemente, esse vai ser um tema do debate eleitoral.
Com o surgimento do tema, qual seria sua posição?
Obviamente, qualquer agressão a mulher ou a qualquer outro ser humano é condenável. Acredito que essa é a posição majoritária na sociedade. Caberá a ele explicar e se defender.
Foi um erro o PMDB insistir na candidatura dele?
Acho que é antiético falar de decisão de um partido do qual estou saindo.
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