• Divergências ficam de lado, e Renan fecha acordo com o vice para o comando do partido
Cristiane Jungblut e Júnia Gama - O Globo
- BRASÍLIA- Após meses de disputas internas e troca de farpas públicas, o vice- presidente Michel Temer e o presidente do Senado, Renan Calheiros ( PMDB- AL), chegaram ontem a um acordo sobre o comando do PMDB para a eleição da nova Executiva Nacional, marcada para a convenção do partido, em março. Os dois se reuniram pela manhã e, segundo interlocutores, selaram a paz. A chapa será única, com Temer candidato à reeleição a presidente do PMDB.
— O encontro foi muito bom. Está tudo pacificado — disse um ministro do PMDB, que conversou com Temer.
Pré-candidatos fracassam
O grupo ligado a Renan decidiu apoiar Temer em mais dois anos de mandato na presidência do PMDB, sem lançar uma chapa alternativa. O encontro de Renan com Temer representou, na prática, o fracasso da tentativa do chamado PMDB do Senado de tentar disputar o comando do partido. No fim do ano passado, o grupo liderado pelo próprio Renan e pelos senadores Eunício Oliveira (PMDB- CE) e Romero Jucá ( PMDB- RR) articulou derrubar Temer do comando do partido, com um discurso de que o PMDB estava perdendo força. O grupo primeiro lançou o nome de Jucá e, depois, do próprio Renan. No entanto, nenhuma das pré-candidaturas decolou.
No fim do ano, no ápice do estremecimento, Renan culpou Temer pela crise interna do partido e pelos problemas na coalizão e afirmou ser um erro o PMDB se reunir para proibir novas filiações, afirmando que o partido “não tem dono”. Em resposta, Temer divulgou nota afirmando que o PMDB não tem “coronel”.
A reação dos senadores perdeu força de vez no recesso parlamentar. Temer foi quem começou a pregar o discurso de que era melhor o “salvem-se todos” e passou a procurar senadores isoladamente. Nos últimos dias, teve encontros com o próprio Eunício, atual tesoureiro do PMDB, e com Jucá, segundo vice-presidente do partido. Jucá foi um dos primeiros a desembarcar do grupo rebelde, dizendo que é defensor da unidade do PMDB e que não é “hora de elevar a temperatura e sim de acalmar”. Nos bastidores, prevaleceu a tese de que todos deveriam se unir neste momento em que não se sabe das consequências da operação Lava- Jato, da qual Renan e Jucá são alvo.
Discurso de unidade
Depois destas conversas, Temer disse a aliados que só faltava o que chamou de “encontro olho no olho” com Renan. E passou a viajar pelo país, costurando apoios. Ontem, Temer repetiu os argumentos a Renan sobre a importância da unidade.
O principal fiador da reaproximação de Temer com Renan foi Jucá, a quem foi delegada a missão de acertar um consenso entre os senadores do PMDB. Durante o recesso, Jucá reuniu- se com Temer, que lhe ofereceu a primeira vice-presidência do partido. A composição da Executiva, no entanto, ainda não foi definida. Em uma das disposições possíveis, o próprio Renan pode ser indicado para a primeira vice.
— Primeiro, sela a paz. Depois, partilham- se os cargos — brincou o senador Romero Jucá (PMDB- RR).
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