• Senador, que é líder da oposição, criticou a iniciativa de a presidente ter comparecido à sessão que marcou a reabertura do ano legislativo; ela defendeu a aprovação do CPMF
Daiene Cardoso, Julia Lindner e Igor Gadelha - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Após o discurso da presidente Dilma Rousseff, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse ter considerado "patéticas" a figura da presidente Dilma Rousseff no Congresso e as reações ao seu discurso. Para o líder da oposição, a petista veio ao Parlamento "mais em busca de fotografia" do que em busca do resgate de sua credibilidade. "O que ela buscou hoje foi o apoio do Congresso Nacional para o aumento da carga tributária", concluiu.
Na avaliação do candidato derrotado na campanha de 2014, Dilma repetiu a apresentação de propostas como se estivesse "assumindo hoje" seu mandato. O senador lamentou que a presidente da República não tenha feito "mea culpa" de seus erros no primeiro mandato. "Não vejo nela condições para pedir qualquer outro sacrifício à sociedade brasileira", comentou Aécio, se referindo aos apelos de Dilma para aprovação da volta da CPMF.
O senador destacou que qualquer discussão com a oposição sobre reformas terá de ter, prioritariamente, apoio da base aliada do governo. Ele lembrou que o PT, partido de Dilma, considera a proposta de reforma previdenciária "desnecessária" e que Dilma, além de aumento de impostos, "vende ilusões". "Lamentavelmente assistimos aqui a mais do mesmo, repetição de promessas vazias, de uma presidente que já não demonstra qualquer condição de tirar o Brasil do gravíssimo atoleiro no qual ela própria nos mergulhou", afirmou. Na previsão de Aécio, 2016 será mais um "ano perdido".
Sobre o discurso de Dilma relacionado a epidemia de zika vírus, o tucano enfatizou que o engajamento no combate deve ser de toda a sociedade. No entanto, ele pontuou a distribuição de cargos no governo em favor dos aliados do Palácio do Planalto. "Que autoridade tem a presidente de liderar esse processo de combate ao zika vírus tendo ela distribuído cargos a aliados seus, única e exclusivamente para ter votos e se manter no poder?", alfinetou. O ministro da Saúde, Marcelo Castro, foi indicado pelo PMDB na última reforma ministerial.
Aécio reconheceu o esfriamento dos ânimos em relação ao processo de impeachment de Dilma e disse que o clima para o afastamento da petista se dará com apoio da sociedade brasileira, a partir da piora dos indicadores econômicos. "A presidente e seus aliados não deveriam comemorar esse arrefecimento", declarou.
O senador tucano foi um dos que vaiaram Dilma durante o discurso no plenário. Na saída, o oposicionista disse que as vaias foram esperadas por causa da "repulsa às mentiras" e à proposta de aumento da carga tributária. "Presidente que em nenhum momento fez uma mea culpa sobre a sua responsabilidade com o que vem acontecendo com o Brasil, na verdade é uma presidente que vive em outro país e acho que zomba da inteligência do Congresso", disse.
Sobre a intenção do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de levar à votação o projeto de independência do Banco Central, Aécio disse que este é um momento perigoso. "Qualquer projeto que seja votado agora sem qualquer discussão prévia será arriscado e o PSDB quer discutir isso com muita intensidade. Não temos que correr contra o tempo. A bancada não se reuniu ainda sobre isso, mas vamos discutir."
Tecnocrata. Outros deputados da oposição criticaram o discurso feito pela presidente Dilma Rousseff durante cerimônia de abertura dos trabalhos legislativos de 2016, nesta terça-feira, no Congresso Nacional. Para opositores, a petista fez uma fala "vazia" e "tecnocrata", sem apresentar propostas com real possibilidade de serem aprovadas.
"Nada mais vazio e tecnocrata. O discurso parecia um relatório", afirmou o líder do PPS na Casa, Rubens Bueno (PR). Na avaliação do parlamentar, mesmo diante de toda a crise política e econômica pela qual o País passa, Dilma não apresentou nenhuma proposta concreta para sair dessa situação.
"Muito blá blá blá e pouca ação", avaliou o líder do DEM, Mendonça Filho (PE). Para o democrata, a reforma da Previdência Social mencionada pela presidente é um contrassenso absoluto. "Você não tem a convicção e o apoio que precisa para aprovar a reforma nem mesmo do PT, partido dela", disse.
Para o líder da minoria na Câmara, Bruno Araújo (PSDB-PE), Dilma fez um discurso de "mais do mesmo". "Ela mencionou um ajuste de longo prazo, com a reforma da Previdência, mas sem apoio de seu partido, que é contra e já disse que vai trabalhar contra", comentou.
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