- Diário do Poder
A consagradora vitória de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, com a expressiva marca de 285 votos no segundo turno, representa uma conquista de todos aqueles que pretendem resgatar a moralidade, a decência e a credibilidade perdidas pelo Parlamento brasileiro nos últimos tempos. Trata-se de mais um passo importante da verdadeira marcha da sensatez que está em curso no país desde a admissibilidade do processo de impeachment de Dilma Rousseff e a partir da posse do presidente interino Michel Temer no Palácio do Planalto.
A vitória de Maia, construída com o apoio de PSDB, PPS, DEM e PSB, contribuirá com o presidente Temer no processo de superação da grave crise enfrentada pelo Brasil e, além disso, reflete a ampla maioria que votou pelo impeachment. Fica cada vez mais claro que existe na Câmara uma base sólida de sustentação ao governo de transição, que tem se revelado atuante na votação de pautas importantes em um momento delicado da vida nacional.
Como um claro indicativo de que o governo Temer foi também um dos vitoriosos do processo eleitoral na Câmara, os dois candidatos que disputaram o segundo turno – Maia e Rogério Rosso, do PSD – integram a base parlamentar de apoio ao presidente da República e votaram pelo impeachment. A inusitada candidatura de um ex-ministro de Dilma, patrocinada por Lula em uma tentativa de enfraquecer a atual gestão, fracassou de forma retumbante e não reuniu votos suficientes para avançar à rodada final.
Venceu aquele que melhor representa os partidos que compõem o núcleo duro dos adversários do lulopetismo nesses últimos anos e ainda teve a capacidade de angariar apoio entre as legendas da nova oposição – principalmente no PT e no PCdoB, que já dão sinais de que começam a abandonar a narrativa falaciosa do “golpe” para participar do jogo democrático. A tese de que Dilma foi afastada por uma conspiração ilegítima fica cada vez mais restrita a uma minoria parlamentar irrelevante.
O Congresso Nacional, a Câmara em especial, teve sua imagem seriamente arranhada com a presença de Eduardo Cunha como presidente da Casa. Por outro lado, com seu afastamento do cargo por decisão do Supremo Tribunal Federal, que o transformou em réu, houve uma acefalia nos trabalhos legislativos causada pelo absoluto despreparo do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão, para conduzir as atividades. Já passava da hora de escolhermos um deputado que devolvesse o respeito à Casa e desempenhasse seu papel obedecendo a liturgia do cargo.
Neste sentido, outro momento importante do Legislativo nesta semana foi a rejeição do recurso de Cunha, pela Comissão de Constituição e Justiça, o que finalmente abriu caminho para a votação em plenário que pode cassar seu mandato em decorrência da quebra de decoro parlamentar já plenamente configurada. A marcha da sensatez, que teve início com o impedimento de Dilma, a posse de Temer e agora prossegue com a eleição de Maia e a provável cassação de Cunha, ajuda o país a superar o impasse político e institucional, distensionando o ambiente e propiciando a discussão de reformas fundamentais para superarmos a crise.
Há enormes desafios pela frente e um longo caminho a percorrer até que o Brasil encontre o porto seguro. Vivemos um momento em que são fundamentais o compromisso e a responsabilidade da classe política para encontrarmos as soluções dos graves problemas que afligem a população. A eleição de um presidente da Câmara que resgata a autoridade moral do cargo é um passo muito importante para o país continuar no rumo certo. Depois de tantos anos de irresponsabilidade e desmantelo, ninguém interromperá a marcha da sensatez que nos levará adiante.
-----------------------
Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
Nenhum comentário:
Postar um comentário