• Eleição municipal influencia recorde no volume de adesões aos partidos políticos
Fábio Vasconcellos - O Globo
O Brasil atingiu no mês passado a maior taxa dos últimos 14 anos de eleitores filiados a partidos políticos (11,3%). Parece surpreendente num momento de crise e forte rejeição das legendas. Mas há uma explicação para isso. As disputas municipais tendem a ser um excelente momento para ampliar o número de filiados. Com exceção de 2010, todos os anos de disputas municipais registraram crescimento acima da média no total de filiados.
No Brasil, a legislação obriga candidatos a serem vinculados às legendas se quiserem concorrer nas disputas. No caso das eleições municipais, os partidos atuam para ampliar sua base de filiados, já que existe também um maior volume de cargos em disputa, principalmente para as Câmaras de Vereadores. Os candidatos, por sua vez, mobilizam novos filiados até a convenção partidária como forma de ampliar a sua força política dentro das legendas. Nesse cenário, em julho, o total de filiados chegou a 16,5 milhões de eleitores.
Em um estudo sobre o fenômeno das filiações partidárias no Brasil, publicado em 2013, o cientista político Bruno Wilhelm Speck, da USP, conclui que seu crescimento tem relação com o ciclo eleitoral municipal. Segundo o pesquisador, “os potenciais candidatos são o motor atrás das novas filiações, seja porque ainda não são filiados ou mudam de um partido para outro, seja porque trazem novos filiados para os partidos para firmar a sua posição numa possível disputa na nomeação como candidatos do partido”.
Pelos dados, organizados a partir dos arquivos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o período de 2002 a 2016 foi ruim para PMDB. O partido vem perdendo participação no total de eleitores filiados no Brasil. Ela variou de 20% para 14,5% este ano. O PT, por sua vez, conseguiu ampliar sua participação, mas registrou queda entre 2015 e 2016. Sem considerar PT, PMDB, DEM, PDT e PSDB, o conjunto dos demais partidos conseguiu ampliar a participação no total de filiados de 45% em 2002 para 53% este ano.
A distribuição por estados revela que a maior variação de 2016 em relação a 2002 no volume de novos filiados (considerando todos os partidos) ocorreu nas regiões Norte e parte do Centro Oeste. No Sudeste, o crescimento foi em menor intensidade. PMDB e DEM tiveram perdas no Sudeste, enquanto o PT cresceu em quase todos os estados. Já o PSDB conseguiu ampliar sua base, mas em menor intensidade no Nordeste e parte do Sudeste.
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