Por André Guilherme Vieira – Valor Econômico
SÃO PAULO - As informações prestadas em delação premiada pelo ex-presidente da OAS, José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, poderão ser juntadas à acusação formal contra o ex-presidente Lula, caso o empreiteiro de fato se torne delator da Operação Lava-Jato, apurou o Valor PRO, serviço em tempo real do Valor.
De acordo com pessoas que tiveram acesso às negociações para a delação premiada de Léo Pinheiro, depois de sofrer diversos revezes ao longo de meses de exaustivas tratativas, a colaboração quase chegou a ser descartada pelos investigadores. Mas recentemente um avanço considerado "promissor" teria mudado a perspectiva da negociação, que estaria na iminência de ser fechada.
Léo Pinheiro já teria confessado e indicado evidências de crimes diretamente relacionados à Petrobras e que envolveriam o recebimento de valores pelo ex-presidente Lula e por autoridades com prerrogativa de foro - entre as quais também estariam incluídos juízes de tribunais superiores. Com os novos fatos e documentos que os embasariam, o acordo ficou mais perto de ser assinado.
Léo Pinheiro também teria abordado em anexos de informações o suposto envolvimento do advogado Roberto Teixeira no que seria uma operação de lavagem para ocultar o patrimônio de Lula. O criminalista seria o responsável "por auxiliar o ex-presidente na aquisição com pessoas interpostas do sítio em Atibaia", segundo registra um dos despachos do juiz Sergio Moro nos autos da Operação Lava-Jato. Os advogados de Lula afirmam que o ex-presidente e as pessoas próximas a ele sofrem perseguição política de policiais, procuradores e do juiz que conduz a Lava-Jato na primeira instância.
Caso confirmada a delação de Léo Pinheiro, ela não significará automaticamente que a OAS conquistará acordo de leniência com o Ministério Público Federal (MPF). Até agora, a Odebrecht tem aparecido como a "candidata favorita" à leniência, conforme apurou o Valor. Somente uma empresa poderá selar o acordo.
Lula é investigado por ser suposto beneficiário do esquema de corrupção na Petrobras e por ilícitos que envolveriam o sítio em Atibaia e a aquisição de um flat no Guarujá, via Cooperativa de Bancários de São Paulo (Bancoop).
Procurada, a defesa do ex-presidente Lula afirmou em nota que os investigadores da Lava-Jato "persistem na prática ilegal e inconstitucional de antecipar juízos sobre investigações em curso e de fomentar propaganda opressiva contra o ex-presidente Lula". E que "mesmo depois de uma devassa, os investigadores não conseguiram produzir uma prova sequer para denunciar Lula".
O comunicado diz também que "as graves violações aos direitos fundamentais de Lula foram comunicadas ao Comitê de Direitos Humanos da ONU".
E que "as provas colhidas nas investigações permitem uma única conclusão: Lula não é proprietário nem de sítio em Atibaia nem de apartamento no Guarujá".
Segundo os advogados Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira, "o ex-presidente Lula não cometeu nenhum ato ilegal nem antes nem durante, nem depois do exercício de dois mandatos como presidente da República, eleito pelo voto popular".
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