• Ao prestar depoimento em agosto, ex-presidente da OAS preferiu manter-se em silêncio
Cleide Carvalho - O Globo
-SÃO PAULO- Um dia depois de voltar à prisão, Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS, mudou de estratégia e decidiu falar ao juiz Sérgio Moro na ação que investiga pagamento de propinas ao ex-senador Gim Argello para barrar a CPMI da Petrobras. No último dia 24, ao depor no processo, ele havia ficado em silêncio. Moro aceitou o pedido da defesa, e Pinheiro vai depor novamente no próximo dia 13.
Na ação, Léo Pinheiro também é réu, acusado de ter procurado outros empreiteiros para sugerir pagamento de propina a Argello. Ricardo Pessoa, da construtora UTC, afirmou ter procurado o ex-senador Argello por sugestão de Pinheiro. E reafirmou ter pagado R$ 5 milhões em propina para não ser convocado pela CPMI. Documentos anexados ao processo mostram que parlamentares requereram a presença dos dois, mas os pedidos acabaram não sendo analisados.
Pinheiro havia sido preso na 7ª fase da Lava-Jato, em novembro de 2014, e colocado em prisão domiciliar pelo Supremo Tribunal Federal, em abril de 2015. Moro determinou o retorno à prisão argumentando que, se solto, ele poderá atrapalhar as investigações, algo difícil de controlar, pois ocorre nas sombras.
O ex-presidente da OAS estava negociando delação premiada, mas as conversas foram interrompidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) depois que a revista “Veja” afirmou que Dias Toffoli, ministro do Supremo Tribunal Federal, havia sido citado por Pinheiro. Para o procurador Rodrigo Janot, houve vazamento de informações.
Pedido de prisão em março
O Ministério Público Federal havia pedido a nova prisão preventiva de Pinheiro em março passado. No despacho, Moro disse que só decidiu semana passada porque aguardava o andamento da ação contra Argello. Se o ex-senador tivesse feito alguma ameaça, os empresários teriam sido vítimas de concussão.
Moro lembrou no despacho que Pinheiro agiu com protagonismo ao tentar barrar a investigação da CPMI. Pelas investigações, em novembro de 2014, pouco antes de ser preso pela primeira vez na Lava-Jato, o empresário se reuniu com Argello por duas vezes em São Paulo — uma na sede da OAB-SP, outra no escritório da OAS — para tentar barrar a investigação.
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