Entre anônimos, caciques, lideranças de movimentos comunitários, aventureiros, celebridades, políticos veteranos, nanicos, sindicalistas, religiosos ou representantes de variadas categorias profissionais, 1.315 candidatos disputam as 55 vagas de vereador na Câmara Municipal de São Paulo.
Coincidindo com a eleição para o Executivo —particularmente acirrada neste ano—, é rotineiro que a renovação do Legislativo municipal ganhe pouco destaque. Mesmo entre os eleitores que já têm clara sua preferência para o posto de prefeito, ou que manifestam simpatia por algum partido específico, é sem dúvida fácil encontrar quem se sinta às escuras no momento de declarar seu voto para vereador.
Sem a vigência de um sistema distrital, puro ou misto, é difícil evitar essa hesitação. Uma amplitude extrema das opções disponíveis termina equivalendo, na prática, a uma perigosa indiferenciação.
Por mais completa que aspire a ser, a cobertura jornalística das eleições não tem como dar conta de tão vasta variedade de candidatos a vereador. Promovendo debates entre alguns deles, esta Folha procurou selecionar nomes representativos de diversos partidos, de modo a pelo menos apresentar uma amostragem de pontos de vista divergentes em questões essenciais para o futuro da cidade.
Manter ou não os atuais limites de velocidade para os automóveis? Que soluções apresentar para a dívida do município? Qual a atitude do poder público com relação à disputa entre taxistas e defensores do Uber? Está correta a estratégia da prefeitura face ao problema da cracolândia?
Temas como esses não são da alçada exclusiva do Executivo. De forma especialmente aguda no que tange a impostos, a prioridades orçamentárias e à saúde das contas municipais, a Câmara possui poderes capazes de inviabilizar, ou não, as pretensões de um prefeito.
A importância de uma escolha pensada e cuidadosa no voto para vereador não precisaria ser enfatizada —não a vitimasse, na vida real, uma inegável negligência em parcelas significativas da população. É auspicioso, de todo modo, que novos mecanismos de informação, de seleção e de cobrança venham surgindo.
Criam-se, por exemplo, plataformas digitais em que, após responder a um questionário, o eleitor pode encontrar candidatos comprometidos com seu perfil ideológico.
O "Mapa da Direita" e o "Me Representa" são exemplos, em campos distintos, de um movimento no sentido de prover maior legibilidade e transparência à disputa política. Nada mais oportuno, num sistema marcado pelo fisiologismo, pela indisciplina partidária e pelo desregramento.
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