sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Debate decisivo entre candidatos do Rio tem intensa troca de acusações e poucas propostas

• Segurança, Saúde e Educação foram alguns dos temas discutidos; audiência foi alta

Fernanda Krakovics, Bruno Goés, Marco Grillo, Juliana Castro, Thais Lobo e Gustavo Schmitt – O Globo

RIO - Considerado decisivo diante da disputa apertada pela vaga no segundo turno, o último debate antes da votação de domingo, realizado nesta quinta-feira pela TV Globo, alternou intensa troca de acusações entre os candidatos e alguns momentos de discussões de proposta.

Embolado na briga pelo segundo lugar, Pedro Paulo (PMDB) virou alvo preferencial dos ataques, mas devolveu as críticas, principalmente a Marcelo Crivella (PRB), líder nas pesquisas, e aos candidatos dos partidos de esquerda, a quem chamou de anarquistas.

A audiência do debate entre os candidatos manteve, em seus primeiros blocos, uma média de 25.9 em todo o Rio, índice considerado alto para o horário.

Logo na primeira pergunta, Jandira Feghali (PCdoB) confrontou Pedro Paulo, lembrando a acusação de agressão do peemedebista à sua ex-mulher. Em resposta, o peemedebista ressaltou que o inquérito no STF foi arquivado e acusou a candidata do PCdoB de receber propina na Lava-Jato.

O peemedebista, em seguida, atacou Crivella, a quem só se referiu como “bispo", e os candidatos de esquerda, chamados por ele de anarquistas. Em 2014, quando disputou o segundo turno contra o candidato do PRB, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) também teve como estratégia referir-se a Crivella como bispo. Pedro Paulo repete a tática e tem usado a estratégia de ligar Crivella à Igreja Universal, da qual é bispo licenciado. Também tem atacado a aliança do candidato do PRB com o ex-governador Anthony Garotinho.

— Temos de um lado a candidatura que mistura política e religião, somada ao atraso que significa trazer o Garotinho de volta. Do outro, temos a anarquia, um modelo de um Brasil que não deu certo — afirmou Pedro Paulo.

Crivella, por sua vez, aproveitou para responder às provocações do peemedebista, dizendo que ele inventa boatos:

— Vocês disseram que vou aparelhar a prefeitura com pastores e bispos, que o Garotinho vai ser secretário, que vou cobrar ingresso do Parque Madureira. É impressionante como inventam esses boatos. Não é me chamando de bispo que você vai conseguir limpar a barra do PMDB — afirmou.

DE OLHO NO 2º TURNO
Ainda no primeiro bloco, Indio da Costa questionou Marcelo Freixo (PSOL) sobre as propostas para a área da Saúde. O candidato do PSOL, então, disse que vai manter as clínicas da família, mas vai rever os contratos com as organizações sociais, as chamadas OSs.

— Muita gente que ganha dinheiro das OS e financia campanha do candidato do PMDB. Não vamos fechar clínica da família. É lamentável que o PMDB faça ameaça de demitir funcionários que não apoiarem o candidato do PMDB. isso é assédio. É uma forma de corrupção — afirmou.

Na tentativa de chegar ao segundo turno, Freixo tentou falar para eleitores que não estão entre o seu público.

No segundo bloco, em uma pergunta sobre saneamento, Pedro Paulo e Freixo trocaram críticas.

— Vocês que estão em casa assistiram ao planeta Pedro Paulo. Parece que a Baía de Guanabara está resolvida — afirmou o candidato do PSOL.

— Freixo, você precisa sair da praça São Salvador — ironizou Pedro Paulo, em referência ao tradicional reduto da esquerda, em Laranjeiras.

No fim, Pedro Paulo acusou Freixo de ter um assessor condenado com base na Lei Maria da Penha. Freixo confirmou a história, mas disse ter exonerado o funcionário no mesmo dia em que soube do caso e devolveu:

— Eu exonerei, diferente do Eduardo Paes, que o transformou (Pedro Paulo) em candidato a prefeito.

Crivella lembrou em vários momentos os casos de corrupção e polêmicas envolvendo o PMDB, como denúncias da Lava-Jato e o episódio em que o prefeito Eduardo Paes (PMDB) disse a uma moradora que ela faria “canguru perneta” em um apartamento que ela estava recebendo da prefeitura.

Alessandro Molon (Rede) e Osorio (PSDB) falaram de transporte, área da qual o tucano já foi secretário estadual e municipal. Molon disse que faria a redistribuição das linhas de ônibus, porque a que foi feita não foi realizada com base nos interesses da população. Osorio, por sua vez, também disse que tomaria a mesma medida.

— Não sou um político tradicional. Não tenho rabo preso. Não enriqueci na política — afirmou o tucano.

Jandira manteve a estratégia de nacionalizar o debate e provocou Osorio:

— Você não tem condição de falar do Brasil. Quem quebrou o Brasil foi Fernando Henrique. Osorio disse ter orgulho do legado deixado pelo governo FH e afirmou que o país estaria muito melhor se o PSDB tivesse vencido a eleição presidencial de 2014.

Ao abrir o debate, Jandira disse que Pedro Paulo votou pelo impeachment e disse que a TV Globo apoiou o processo, chamado por ela de “golpe”. A mediadora do debate, Ana Paula Araújo, afirmou que a Globo não é obrigada a realizar debates e o faz por apreço à democracia, para que os candidatos demonstrem suas qualidades.

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