Por Daniela Chiaretti - Valor Econômico
SÃO PAULO - A disputa pela Prefeitura de Belém, cidade amazônica de 1,4 milhão de habitantes, deve ter no segundo turno o deputado federal Edmilson Brito Rodrigues, candidato pelo Psol que lidera as pesquisas desde o início da campanha. A briga é pelo segundo lugar. O atual prefeito, o tucano Zenaldo Coutinho, largou mal mas está em tendência de alta. O delegado Éder Mauro (PSD), deputado da bancada da bala, é o outro nome possível.
Belém sofre com a crise econômica nacional e com suas crises particulares. O prefeito tem baixa popularidade e o eleitor reclama da falta de avanços em mobilidade, educação e saúde - o que Zenaldo justifica com a redução da capacidade de investimento da prefeitura e uma herança de endividamento dos cofres públicos. Éder Mauro, por seu turno, mira o aumento da violência em Belém. No mapa da violência do Pará, Belém ocupava a 20ª posição entre as cidades mais violentas em 2002; em 2012 estava em 12° lugar.
O discurso de Éder Mauro no horário eleitoral explicitou "trazer a guarda municipal para as ruas, aparelhada e treinada, para que as praças possam ser novamente das famílias e não dos bandidos". Ele é alvo de inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) por crimes de tortura e extorsão.
Na última pesquisa Ibope feita com 602 eleitores de Belém entre os dias 5 e 8 de setembro, e divulgada em 10 de setembro, o ex-prefeito Edmilson Rodrigues liderava com 36% das intenções de voto. Éder Mauro tinha 24% e o prefeito Zenaldo Coutinho, 20%. A pesquisa (protocolo PA-07603/2016 no TRE) tinha margem de erro de quatro pontos percentuais e nível de confiança de 95%.
"Edmilson não é só promessa, é o cumprimento. Isso explica estar à frente das pesquisas", diz Araceli Lemos, coordenadora da campanha do candidato do Psol. Araceli critica o discurso de Éder Mauro: "Eu creio que uma cidade não pode ser pensada por uma única política pública, não pode ter um programa de governo de uma nota só."
Pelo Ibope, o índice de rejeição do prefeito Zenaldo é de 36%, Edmilson teve 21% e Éder Mauro, 19%. Segundo o jornalista e cientista político Max Costa, a rejeição a Edmilson vem de seu passado petista e por ter votado contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. No caso do atual prefeito, o cientista político Costa cita um cartaz apócrifo das ruas da cidade: "É mais fácil encontrar um pokémon em Belém do que uma obra de Zenaldo". Sobre Éder Mauro, diz que é um candidato "sem projeto de governo. O discurso da segurança é uma tendência no Brasil inteiro."
"Existe, na população de Belém, uma percepção de piora grande em relação a transporte e violência", argumenta o ambientalista João Meirelles, paulista que vive há 12 anos na capital paraense. "Não há clareza sobre o que a prefeitura vem fazendo", registra.
Na pesquisa Ibope, o maior problema da população de Belém é com a saúde, seguida pela segurança. Educação vem em terceiro lugar. As dificuldades parecem ser amazônicas. Uma pesquisa feita pelo Observatório das Metrópoles e coordenada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) colocou cidades do Norte no pé da lista das capitais. O Índice do Bem-Estar Urbano analisou mobilidade, condições ambientais urbanas, condições habitacionais, atendimentos de serviços coletivos e infraestrutura dos 5565 municípios brasileiros. Considerando as 27 capitais brasileiras, Belém está na 25ª posição - depois vem Porto Velho e, por último, Macapá.
A prefeitura de Belém é disputada por dez candidaturas. A do ex-reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA) Carlos Maneschy, pelo PMDB, não decolou, mesmo com o apoio de um dos nomes mais fortes da política paraense, o senador Jader Barbalho. A defensora pública Regina Barata, o nome do PT na disputa, tinha 2% na pesquisa Ibope. Úrsula Vidal, do Rede, recebeu 1% das intenções de voto.
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