• Taxa referente ao trimestre encerrado em agosto é divulgada pelo IBGE
Daiane Costa / Gabriela Antunes* - O Globo
RIO - O desemprego voltou a bater recorde no país. A taxa ficou em 11,8% no trimestre encerrado em agosto, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio Contínua (Pnad), divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE. O dado — o pior da série histórica iniciada em 2012 — veio um pouco acima da mediana de projeções do mercado, compilada pela Bloomberg, que estimava o índice em 11,7%. A fila de desempregados chegou a 12 milhões de pessoas em agosto — também o maior contingente já registrado pela pesquisa.
Para Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, esses dois recordes negativos preocupam:
— É um quadro difícil. Nós estamos divulgando os dados de junho, julho e agosto, quando a economia já devia estar apresentando sinais de melhora, com o escoamento da produção para o final do ano. Era esperado que a taxa começasse a ficar estável. O que mais agravou a alta no grupo de desempregados é a população ocupada que não para de cair e consequentemente a população desocupada segue crescendo.
No trimestre encerrado no mês anterior, o desemprego atingiu 11,6% da força de trabalho. Já de março a maio, período usado como base de comparação para a taxa divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE, o desemprego ficou em 11,2%. A alta foi ainda mais forte, de três pontos percentuais, na comparação com o mesmo trimestre de 2015, quando a taxa ficou em 8,7%.
Ao atingir 12 milhões, o grupo de desempregados cresceu 5,1% em relação ao trimestre de março a maio de 2016, qaundo o contingente de desocupados era de 11,4 milhões — um aumento de 583 mil pessoas. No confronto com igual trimestre do ano passado, este total subiu 36,6%, ou um acréscimo de 3,2 milhões de pessoas desocupadas na força de trabalho.
Já a população ocupada foi estimada em 90,1 milhões. Caiu 0,8% frente ao trimestre de março a maio de 2016, um decréscimo de 712 mil pessoas. Em comparação com igual trimestre do ano passado, quando o total de ocupados era de 92,1 milhões de pessoas, foi registrado recuo de 2,2% ou menos 2 milhões de pessoas no contingente de ocupados.
O número de empregados com carteira assinada é de 34,2 milhões. Segundo o IBGE, não apresentou variação estatisticamente significativa em comparação com trimestre de março a maio de 2016. Frente ao trimestre de junho a agosto de 2015, houve queda de 3,8% ou a destruição de 1,4 milhão de vagas com carteira assinada.
O rendimento médio real habitualmente recebido em todos os trabalhos foi estimado em R$ 2.011. Ficou estável frente ao trimestre de março a maio de 2016 (R$ 2.015) e também em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (R$ 2.047)
A massa de rendimento real habitualmente recebida em todos os trabalhos, que representa o total de rendimentos dos empregados, foi estimada em R$ 177 bilhões. Não apresentou variação significativa em relação ao trimestre de março a maio de 2016, mas recuou 3% frente ao mesmo trimestre do ano anterior.
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Quem tem direito. Trabalhador formal e doméstico dispensado sem justa causa, inclusive dispensa indireta; trabalhador formal com contrato de trabalho suspenso por participação em curso ou programa de qualificação profissional oferecido pelo empregador; pescador profissional durante o período do defeso e trabalhador resgatado da condição semelhante à de escravo.
Em relação ao trimestre de março a maio, houve queda do rendimento médio para os empregadores (-5%). Nas demais posições na ocupação não houve variação estatisticamente significativa do rendimento. Na comparação com o trimestre de junho a agosto de 2015, os ocupados como empregador tiveram queda no rendimento médio real habitual de 10%. Os empregados no setor privado sem carteira assinada e os empregados no setor público apresentaram acréscimos em seus rendimentos (5% e 3,6%, respectivamente). As demais categorias apresentaram-se estáveis nos seus rendimentos médios.
Na comparação com o trimestre de março a maio de 2016, os rendimentos médios de todos os grupamentos de atividade permaneceram estáveis. Frente ao mesmo trimestre do ano anterior, o único grupamento que apresentou queda em seu rendimento médio foram os outros serviços (-5,7%). Os demais não registraram variação significativa.
Por grupamento de atividade, na comparação com o trimestre encerrado em maio, ficaram estáveis os grupos de empregados no setor privado com e sem carteira de trabalho e o trabalhador familiar auxiliar. Cresceram os grupos de trabalhadores no setor público (1,6%) e os empregadores (4,8%). Caiu o número de trabalhadores domésticos (-2,5%) e por conta própria (-3,2%). Na omparação com o mesmo trimestre do ano anterior, ficaram estáveis os grupos de trabalhadores no setor privado sem carteira, no trabalho doméstico, no setor público, empregadores e trabalhadores por conta própria. Caíram os grupos de trabalhadores no setor privado com carteira (-3,8%) e o trabalhador familiar auxiliar (-22,7%).
Azeredo destacou que os números do trimestre encerrado em agosto comprovam que a informalidade, que estava amortecendo a taxa de desemprego, já não tem mais fôlego. Prova disso é a queda de 739 mil trabalhadores no grupo dos conta própria na comparação com o trimestre encerrado em maio.
— A informalidade, que estava dando fôlego à crise, perdeu essa força. Os setores da agricultura, indústria geral e construção, somados, perderam 483 mil pessoas no trabalho conta própria na comparação trimestral.
Com relação às atividades econômicas, na comparação com o trimestre encerrado em maio, houve estabilidade nos grupos de trabalhadores na agricultura, comércio, transporte, alojamento e alimentação, informação e comunicação e outros serviços. O grupo de funcionários da administração pública foi o único que cresceu (1,9%). Caiu o número de ocupados em indústria (-1,9%), construção (-3,3%) e serviços domésticos (-2,5%). Na passagem de um ano houve alta em três grupos: administração pública (3,5%), alojamento e alimentação (5,3%) e transporte, armazenagem e correio (4,4%). Caiu o número de trabalhadores na agricultura (-2,8%), indústria (-11%), informação e comunicação (-9,4%) e outros serviços (-0,6%).
*Estagiária sob supervisão de Daiane Costa
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