• Em 2017, 1 em cada 5 cidades poderá ser governada por prefeito tucano; sigla deve comandar quase duas vezes mais eleitores do que o PMDB
Daniel Bramatti | Rodrigo Burgarelli - O Estado de S. Paulo
O maior vencedor das eleições municipais deste ano já é o PSDB. A partir de janeiro do próximo ano, um em cada cinco brasileiros deverá viver em uma cidade administrada pelo partido – a maior proporção entre as 31 siglas que conseguiram eleger algum prefeito em 2016. Mas a vitória tucana pode ser ainda mais impressionante caso as urnas confirmem o resultado das últimas pesquisas do Ibope do segundo turno.
Se o PSDB vencer nas sete grandes cidades em que é favorito ou está empatado dentro da margem de erro, a legenda concentrará a maior fatia do eleitorado já governada por prefeitos de um mesmo partido desde 2004, o primeiro ano para o qual o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulga dados de resultados eleitorais digitalizados. Será o melhor desempenho da própria sigla desde aquele ano, que foi a última vez em que o PSDB conquistou a maior fatia do eleitorado em comparação com os demais partidos.
O feito seria ainda mais surpreendente por ocorrer em um cenário de dispersão partidária cada vez maior. O recorde na concentração do eleitorado conquistado nas eleições municipais até hoje é do PMDB em 2008, quando o partido foi vencedor em uma área que englobava 22,1% do eleitorado da época. Naquele ano, porém, havia oito partidos a menos dividindo o controle das cidades brasileiras em comparação com o número de siglas neste ano.
Levando em conta apenas os resultados do primeiro turno, o PSDB já conseguiu vencer em cidades que somam pouco mais de 18% do total de eleitores, bem à frente do segundo colocado, o PMDB (11,5%). Mas ainda há candidatos do partido em 19 dos 57 municípios que decidirão seus prefeitos hoje, o maior número entre todas as siglas. E, se das 27 cidades em que o Ibope divulgou pesquisas eleitorais o PSDB ganhar nas 7 em que tem chance real, o partido governaria 22,2% do eleitorado a partir de 2017.
Apesar de ter conquistado cerca de 200 cidades a menos que o PMDB, é provável que o PSDB governe quase duas vezes mais eleitores do que os peemedebistas após o segundo turno.
Teses. As estatísticas eleitorais do TSE dão algumas pistas sobre como interpretar o fenômeno. Uma delas é a alta popularidade de candidatos tucanos nas cidades de médio e grande portes. Para o professor de Ciência Política da USP José Álvaro Moisés, alguns candidatos do PSDB, como João Doria, souberam capitalizar com a insatisfação e o discurso de eficiência, mas isso não quer dizer que esses eleitores vão ficar “indefinidamente ligados ao PSDB”. “Vai depender muito do desempenho dos eleitos e se vão, de fato, introduzir uma nova política”, disse o professor.
Outra pista para entender o sucesso eleitoral dos tucanos em 2016 pode ser a derrocada também inédita do PT. Mesmo antes de se saber os resultados do segundo turno, já é possível afirmar que o partido dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff vai registrar neste ano a maior queda no número de prefeitos eleitos por um mesmo partido em eleições consecutivas – foram 638 prefeituras conquistadas pela legenda em 2012 ante pouco mais de 250 neste ano.
Fatia. Grande parte do crescimento do PSDB em número de eleitores se deu em cidades que eram governadas por petistas até agora. O exemplo mais óbvio é São Paulo, onde o atual prefeito, Fernando Haddad (PT), que venceu o tucano José Serra em 2012, nem sequer conseguiu levar a disputa para o segundo turno neste ano. Só a capital paulista, com seus 8,8 milhões de eleitores, representa quase todo o crescimento no eleitorado já conquistado pelo PSDB em relação a 2012.
Essa fatia tomada do PT pode ainda aumentar caso os tucanos vençam hoje em cidades como São Bernardo do Campo, no ABC paulista. No berço político de Lula, Orlando Morando (PSDB) lidera com mais de 10 pontos de vantagem, segundo a pesquisa Ibope mais recente, e, provavelmente, deverá ser eleito o novo prefeito da cidade. Já Tarcisio Secoli, o candidato petista apoiado pelo atual prefeito, Luiz Marinho (PT), também não conseguiu chegar ao segundo turno.
“O ambiente político depois das eleições de 2014 se tornou muito favorável ao PSDB com a rejeição ao PT”, afirmou o secretário-geral da legenda tucana, Silvio Torres (SP).
O PSDB foi o único partido a já eleger mais de um prefeito nas capitais – São Paulo e Teresina. Outros oito tucanos também disputam o segundo turno nestas cidades, mais do que qualquer outra sigla. / Colaborou Marianna Holanda
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