• Temer recebe Rodrigo Maia e Jovair Arantes, mas silencia sobre apoio
Isabel Braga, Eduardo Barretto | O Globo
-BRASÍLIA- Apesar de o governo ter evitado entrar de cabeça na disputa pela presidência da Câmara, o tema invadiu ontem o Palácio do Planalto, mais especificamente o gabinete do presidente Michel Temer. Logo de manhã, o presidente recebeu o atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Embora os dois neguem ter tratado da sucessão da Casa, os próprios auxiliares de Temer admitiram que a visita teve a repercussão simbólica de um apoio velado, uma vez que Maia é o preferido do Planalto, para manter a tranquilidade na condução da pauta do governo no Congresso.
Tido na Câmara como o principal adversário de Maia, o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), se movimentou e também foi recebido por Temer no fim da tarde. Jovair saiu do encontro afirmando que o presidente lhe garantiu que o Palácio do Planalto não tem candidato favorito à disputa.
— O presidente Temer me garantiu que o Planalto não tem nenhuma preferência e que vai determinar que ministros não interfiram na eleição — disse Jovair, que oficializará sua candidatura na próxima terça-feira.
O encontro de Temer com Maia durou cerca de uma hora; a versão de ambos foi de que o encontro tratou das reformas que o governo quer implementar. Um interlocutor de Temer disse que Maia assegurou ao presidente que, “independentemente de quem for o próximo presidente da Câmara, a reforma da Previdência vai caminhar no primeiro semestre deste ano”.
Maia dedicou o dia para muitos encontros formais de demonstração de prestígio à sua candidatura. Após ser recebido por Temer, almoçou com o novo líder do PSDB, Ricardo Trípoli (SP), e o ex-líder Antonio Imbassahy (BA); à tarde, foi ao Ministério das Relações Exteriores, onde se encontrou com o ministro tucano José Serra. À noite, ainda receberia peemedebistas e tucanos, entre eles o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, para um jantar em sua residência oficial. Apesar de Trípoli ter pedido que Maia anuncie logo sua candidatura, o presidente da Câmara ainda ontem fazia jogo de cena.
— O pedido do líder do PSDB me estimula muito, o PSDB é um partido aliado meu, não apenas na Câmara, mas em todos os pleitos que participei. Isso significa que as conversas estão avançando. Sou presidente da Câmara, não posso ser candidato da minha vontade pessoal. Tenho que ser candidato da vontade de muitos partidos, de muitos parlamentares, deputados e deputadas. Isso precisa amadurecer — disse Maia.
Segundo Maia, a demonstração do PSDB e outras que virão nos próximos dias estimularão sua decisão:
— A gente sabe que tudo que acontece no momento errado não vem em bom tom. Se eu entender que minha candidatura representa um caminho de harmonia entre os Poderes e, principalmente, no plenário da Câmara, que até julho tinha virado cenário de guerra, pode ter certeza que a minha candidatura estará madura e decidirei com meus aliados anunciá-la.
O líder do PSDB disse que a tendência é o partido apoiar a reeleição de Maia. Trípoli disse que isso independe da indicação do deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA) para a Secretaria de Governo.
— É natural PSDB e DEM caminharem juntos. Na última eleição foi assim. Vejo com muita naturalidade esse apoio, obviamente consultando a bancada. Mas ele precisa colocar a candidatura dele e eu preciso consultar a bancada — disse Trípoli.
Jovair, por sua vez, atacou Maia, acusando-o de prometer cargos no governo em troca de apoio na eleição.
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