Por Arícia Martins | Valor Econômico
SÃO PAULO - Depois de recuar 1,1% em outubro, a produção industrial voltou ao campo positivo em novembro não só na comparação mensal, mas também ante igual período do ano anterior, o que não ocorre desde fevereiro de 2014. É o que aponta a estimativa média de 23 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, que contam com expansão de 0,6% da atividade industrial entre novembro de 2016 e igual mês de 2015.
De outubro para novembro, a expectativa média é de uma alta mais forte do indicador, de 1,8%. As projeções para a Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (PIM-PF), a ser divulgada hoje pelo IBGE, vão de aumento de 1% até 3,5%. Mesmo assim, economistas avaliam que o cenário econômico segue adverso para a indústria, que deve encerrar o quarto trimestre também em retração.
Na média das previsões, Thiago Xavier, da Tendências Consultoria, estima que a produção cresceu 1,8% em novembro, influenciada principalmente pelo setor automobilístico. Com base em dados da Anfavea, entidade que representa as montadoras, a Tendências calcula que a produção de veículos subiu 20% sobre outubro, número já dessazonalizado. A alta de dois dígitos, no entanto, é reflexo da normalização da atividade no setor, depois de problemas da Volkswagen com fornecedores de peças que paralisaram as fábricas da empresa, pondera Xavier.
Outro índice antecedente da indústria com comportamento positivo no penúltimo mês de 2016 foi o fluxo pedagiado de veículos pesados nas estradas, acrescenta o economista, que avançou 2,9% na passagem mensal. De janeiro a novembro, porém, o índice calculado pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) acumula queda de 6,2% sobre igual período de 2016, observou.
"Os principais condicionantes não apontam para uma tendência de reversão na indústria", afirma Xavier, mencionando fatores como a demanda doméstica em queda livre e o nível fraco da atividade no setor de serviços. Por isso, na média do último trimestre do ano passado, a produção ainda deve mostrar recuo em relação aos três meses anteriores, de 0,8%, estima o economista.
A equipe econômica da Rosenberg Associados destaca que, depois de 32 meses consecutivos em queda na comparação com igual mês do ano anterior, a produção deve ter voltado ao terreno positivo nessa ótica, com alta de 2,7% em novembro. A explicação de grande parte desse movimento está na baixa base de comparação de novembro de 2015, quando a produção de minério desabou com o desastre ocorrido Mariana, e também na expansão da atividade no setor de veículos, afirma a equipe da Rosenberg em relatório.
"Com isso, teremos uma notícia positiva depois de vários meses de dados ruins de atividade", dizem os economistas da consultoria, que projetam expansão ainda maior da produção industrial na comparação com outubro, de 3,5%. Com esse resultado, as perdas registradas nos dois meses anteriores serão recuperadas.
Já o Santander ressalta que, mesmo com a alta de 2,2% na produção projetada para novembro, continua prevendo recuperação lenta da atividade nas fábricas nos próximos meses. O cenário só vislumbra reação mais significativa a partir do segundo semestre, quando a indústria deve passar a responder ao afrouxamento monetário e ao fim do ciclo de ajuste de estoques.
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