Por Fabio Murakawa | Valor Econômico
BRASÍLIA - Pressionado por adversários para que anuncie logo sua candidatura à reeleição para presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) teve ontem um dia de articulação com políticos do PSDB, que também pediram que ele se assuma logo candidato.
Depois de almoçar com o líder tucano na Câmara, Ricardo Tripoli (SP) e o provável futuro ministro da articulação política, Antonio Imbassahy (BA), em sua residência oficial, Maia foi recebido no fim da tarde pelo ministro das Relações Exteriores, José Serra.
Dos dois primeiros, recebeu um apelo para que anuncie logo sua candidatura. "Disse a ele [Maia] que seria importante [se lançar logo candidato]. Com certeza, ele registrou minha sugestão e fará isso o mais breve possível", afirmou Trípoli, que assumiu neste ano liderança do PSDB na Câmara no lugar de Imbassahy.
Segundo Trípoli, o anúncio facilitaria seu trabalho de angariar votos para Maia dentro do partido.
Maia recebeu de Serra sugestões para a pauta legislativa do primeiro semestre. O ministro pediu que se acelere a tramitação de três projetos na Casa: o PL 4891/2016, que versa sobre os depósitos judiciais; a PEC 212/2016, sobre os precatórios; e o PL 7197/2002, que revisa as medidas educativas do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Serra não falou ao final do encontro, mas a lista de pedidos demonstra que ele já conta com Maia na presidência da Câmara após a eleição de 2 de fevereiro.
Maia deixou o Itamaraty com um bom humor pouco usual, e dizendo que o momento de anunciar a sua candidatura "está amadurecendo".
"[Vou anunciar] num momento adequado, vou andar em alguns Estados brasileiros, conversar com alguns deputados como eu venho conversando pessoalmente", disse. "Se minha decisão for disputar novamente a eleição, e caminha para isso, será com tranquilidade, com um arco de alianças como eu construí a primeira [eleição que venceu, em julho], respeitando os meus adversários", disse.
Apesar de sua relutância em fazer o anúncio oficial, a candidatura de Maia à reeleição é dada como certa. Um deputado aliado disse ontem que ele está "contando votos". Ou seja, só deve se declarar oficialmente candidato quando tiver a certeza de que tem todos os votos necessários para ser reconduzido ao cargo.
Maia tem a candidatura contestada por rivais, pois o regimento da Câmara proíbe a reeleição do presidente em uma mesma legislatura. Ele alega, no entanto, que pode postular o cargo novamente porque está cumprindo um "mandato suplementar" - foi eleito em julho, após o hoje deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso no âmbito da Operação Lava-Jato, renunciar ao posto.
Enquanto alguns atribuem essa relutância em dizer-se oficialmente candidato ao risco de colocá-lo na berlinda, e diante de ameaças de adversários como Jovair Arantes (PTB-GO) de ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) caso ele seja reeleito, Maia e aliados veem poucas chances de prosperar uma ação na Justiça impugnando sua candidatura. Argumentam que, se o decano Celso de Mello indeferiu liminar pedindo a interrupção do processo eleitoral na Câmara, dificilmente o pleno do Supremo interferirá no resultado da votação.
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