• Líder tucano declara apoio ao presidente da Câmara; PR e PP também indicam adesão
Igor Gadelha | O Estado de S. Paulo
/ BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), recebeu ontem indicações de que sua candidatura à reeleição poderá agregar a maior parte dos partidos da base. A declaração de apoio mais explícita partiu do novo líder do PSDB, Ricardo Tripoli (SP). Segundo ele, o partido deve apoiar a recondução do parlamentar fluminense.
Líderes do PP e do PR – maiores partidos do chamado Centrão, grupo de cerca de 200 deputados da base – também afirmaram ao Estado que a maioria de suas bancadas deve apoiar a reeleição de Maia.
Ele afirma que só deve se lançar oficialmente como candidato quando tiver certeza de que tem apoio da maioria dos 513 deputados para vencer a disputa. Após se encontrar com o ministro de Relações Exteriores, José Serra (PSDB), no Palácio do Itamaraty, disse que sua candidatura está “começando a ficar madura” e que “caminha” para disputar a reeleição.
“Se a minha decisão for disputar novamente a eleição, e caminha para isso, será com tranquilidade, com um arco de alianças, respeitando os adversários”, afirmou Maia. Para o deputado do DEM, a questão jurídica está superada e o Supremo Tribunal Federal (STF) deverá respeitar a decisão da maioria dos deputados.
“Minha candidatura precisa amadurecer. Ela está começando a ficar madura e, na hora que ela ficar madura, você vai ver que ela vai ter um arco de alianças, se isso acontecer, que vai mostrar até para sociedade e para o próprio Supremo que a Casa quer decidir com voto de cada um dos deputados”, afirmou. “Não posso ser candidato da minha vontade pessoal. Tenho que ser candidato da vontade de muitos partidos, muitos parlamentares”, disse Maia, que almoçou ontem com Tripoli e com o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), cotado para assumir a Secretaria de Governo de Temer.
O Solidariedade, um dos partidos do Centrão, e o deputado André Figueiredo (PDT-CE), que anunciou candidatura à presidência da Câmara, entraram em dezembro com duas ações no STF pedindo que a candidatura de Maia seja declarada inconstitucional. Eles argumentam que o artigo 57 da Constituição proíbe reeleição de presidentes do legislativo no mesmo mandato. Maia, porém, diz que o veto não cabe a presidentes em mandato-tampão, como ele.
Apoio. Dono da terceira maior bancada da Câmara, com 46 deputados, o PP deve apoiar a reeleição de Maia em troca da liderança do governo na Casa e da 2.ª vice-presidência na chapa do deputado do DEM. Um dos nomes para líder do governo é o do líder do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB). “Sempre o candidato à reeleição é favorito”, afirmou o presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI), ressaltando que o apoio não está fechado.
Integrantes da cúpula do PR – sigla com a quinta maior bancada da Câmara, com 40 deputados – também já admitem nos bastidores que o partido deverá apoiar Maia. Em troca do apoio, o PR negocia ficar com a 1.ª secretaria, responsável por gerir o orçamento da Casa, ou a 2.ª vice-presidência, cargo já ocupado hoje pela sigla.
A declaração do dirigente foi dada após o líder do PR na Câmara, Aelton Freitas (MG), se reunir anteontem com o presidente Michel Temer e ministros do Palácio do Planalto. O mineiro foi enviado pela cúpula da legenda para sondar como o governo deve se comportar na disputa interna na Casa. Na conversa, integrantes da cúpula do PR dizem o Planalto afirmou que não deve se envolver na eleição da Câmara, mas deixou claro que tem preferência por Maia.
O PR apoiou o deputado do DEM no 2.º turno da primeira eleição, em julho, quando derrotou o candidato do Centrão, Rogério Rosso (PSD-DF), que disputará novamente o cargo em fevereiro. Apesar da candidatura de Rosso, a cúpula do PSD está apoiando Maia nos bastidores.
O outro candidato do Centrão é o atual líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), que se reuniu ontem com o presidente Michel Temer. No encontro, comunicou que deverá lançar sua candidatura oficialmente na próxima terça-feira. “Não viemos pedir apoio. Viemos comunicá-lo que já elaboramos um plano de trabalho”, disse Jovair. / Colaboraram Rafael Moraes Moura e Isadora Pero
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