- O Globo
Em 2017 a economia começaria a rodar, pois a máquina do governo seria destravada quando o Senado depusesse a presidente da República. A doutora foi para Porto Alegre e o governo de Michel Temer vive em regime de perplexidade, com ministros permanentemente ameaçados pela lâmina. (Noves fora os seis que já rodaram.) O crescimento de 2017 poderá vir, se vier, no segundo trimestre. A caravana Temer dizia que até o final de 2016 seriam criados 100 mil novos empregos. Nos últimos 11 meses (cinco dos quais na gestão do comissariado), três milhões de pessoas perderam seus postos de trabalho, e há 12,1 milhões de brasileiros desempregados, na pior marca de todos os tempos (11,9%).
Temer sabe que com a atual taxa de juros não há a menor possibilidade de se começar a amenizar o desemprego antes do segundo semestre. Ele e o Banco Central foram aprisionados pelo todo-poderoso "mercado" e, fugindo da realidade, o governo encastelou-se na moderna astrologia dos marqueteiros. Temer roda o país prometendo fantasias encantadoras embebidas de "pensamento positivo": "Quero no futuro ser reconhecido como o maior presidente nordestino que esse país teve". Para o presente, informa que o seu mandarinato "há de ser um governo reformista".
Ganha uma viagem à Coreia do Norte quem tiver lido as autolouvações publicitárias que a marquetagem oficial espalha pelo país, com o dinheiro dos impostos dos outros.
Bezos traz a boa notícia para a imprensa
Em 1994 Jeff Bezos viu que o mercado de venda de livros era jurássico, alugou uma garagem, criou a Amazon, transformou-a na maior rede eletrônica varejista e tornou-se o quarto homem mais rico do mundo, com uma fortuna de US$ 66 bilhões. Em 2013, ele comprou o decadente "Washington Post", um glorioso jornal do fim do século passado. Em apenas três anos, Bezos mostrou a que veio. Quase todos os jornais do mundo estão demitindo. Ele está contratando 60 jornalistas para uma redação de 700. O "New York Times", que vem se adaptando ao novos tempos, ganhou um rival na qualidade e nos números.
O "Post" ainda perde para o "Times" na liderança da audiência digital, mas Bezos levou o jornal a repetir o lance de Adolph Ochs, seu patriarca. Em 1904, correndo o risco de falir, ele baixou o preço do jornal de três centavos para um centavo.
O mundo do papel impresso está de saída e, no das assinaturas eletrônicas, os custos de impressão desaparecem. Em 2010, o "Times" vendia suas assinaturas de papel por US$ 200 anuais, e Steve Jobs reuniu-se com a caciquia do jornal aconselhando-a a vender uma versão eletrônica por US$ 5. No ano seguinte, o jornal lançou essa modalidade de assinaturas, cobrando US$ 35 por quatro semanas. Baixou para US$ 25, e agora oferece uma assinatura com duração de 12 meses por US$ 6. A partir do ano seguinte, pretende cobrar US$ 15, mas o freguês pode cancelar a assinatura quando o desconto caducar.
O "Post" derrubou seu preço e vende suas assinaturas por US$ 9 mensais, oferecendo as primeiras quatro semanas por apenas US$ 0,99. (Isso dá US$ 8,25 por mês.) Bezos comprou o "Post" porque entendia de internet. Investiu na engenharia, mas jogou dinheiro no jornalismo. Seu último cheque ficou em torno dos US$ 50 milhões, 20% do que ele pagou pelo jornal, 0,07% do seu patrimônio.
Há mais de dez anos tenta-se descobrir para onde vai a atividade jornalística. É muito provável que a rivalidade do "Post" com o "Times" mostre.
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