Por Fernando Taquari | Valor Econômico
SÃO PAULO - Na contramão da ampla maioria do PSDB, que sinaliza com o apoio à reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), aposta suas fichas no perfil "conciliador" e na "experiência" de Jovair Arantes (PTB-GO) no Legislativo para defender sua candidatura ao cargo.
No papel de principal cabo eleitoral do petebista nas fileiras do tucanato, Perillo entrou em campo na semana passada ao interromper as férias no litoral paulista para intermediar um encontro no Palácio dos Bandeirantes entre o conterrâneo, uma comitiva do PTB e o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB).
A presença de um número considerável de políticos (20) de partidos variados inibiu conversas sobre a sucessão de 2018. Nos bastidores, no entanto, Marconi fez chegar a Alckmin, conforme um interlocutor, que um gesto generoso de sua parte junto aos deputados do PSDB, como um pedido de voto a Jovair, será levado em consideração pela cúpula do PTB na disputa presidencial.
Com essa sinalização, os petebistas procuram fazer um contraponto à candidatura de Rodrigo Maia, considerado um parlamentar próximo do senador Aécio Neves (MG), que a exemplo do governador paulista, desponta como outro potencial candidato do PSDB ao Palácio do Planalto.
Oficialmente, Marconi afirma que seu apoio a Jovair tem um caráter mais pessoal e regional do que partidário. "É claro que, se eu puder influenciar votos no PSDB, para que o deputado se eleja, o farei com máximo prazer", diz. O governador goiano, porém, prega a liberdade de escolha do candidato ao justificar sua posição.
"Não se trata de achar que o PSDB todo deve apoiar a candidatura do deputado Jovair. Ele é meu amigo, sempre esteve comigo em todas as alianças que fiz desde 1986. Conheço sua capacidade de trabalho e de aglutinação. Por isso, como goiano, acho que ele tem o perfil para ser o presidente da Câmara neste momento de transição em que passa o país", afirma.
Mais próximo a Alckmin dentro do espectro político do PSDB, Marconi faz coro aos aliados do governador paulista que defendem a realização de prévias para a definição do candidato tucano a presidente da República. O governador goiano rejeita a ideia de que a disputa interna possa dividir o partido antes da eleição.
A prévia para a escolha do candidato do PSDB na capital paulista, diz Marconi, foi uma experiência negativa apenas para quem saiu da sigla por não ter aceitado o resultado. "O exemplo de São Paulo deve ser imitado nas eleições presidências", ressalta. Após perder a indicação, o então vereador Andrea Matarazzo trocou o PSDB pelo PSD. Vice na chapa encabeçada pela senadora Marta Suplicy (PMDB), o ex-tucano amargou um quarto lugar.
Em um recado indireto a Alckmin, Marconi afirma que não faz sentido um político identificado com um partido de repente migrar para outra legenda por não ter apoio interno a uma eventual pretensão eleitoral. Nos bastidores, especula-se a possibilidade de o governador paulista se filiar ao PSB caso não consiga no ano que vem a indicação no PSDB.
Marconi considera nula essa hipótese. "A história de Alckmin está absolutamente ligada à criação, construção e consolidação do PSDB enquanto partido forte em São Paulo e no Brasil. Não vejo menor sentido em se especular sua possível desfiliação", diz o tucano, que considera o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o principal adversário na corrida presidencial de 2018.
"Teremos um discurso vigoroso e contundente, seja contra Lula ou quem quer que seja. O PSDB tem bons quadros e uma história de sucesso. Estou convencido de que temos grandes chances de vencer. Não tenho qualquer receio contra uma eventual candidatura de Lula", declara.
Em seu segundo mandato no Estado e sem a possibilidade de reeleição, o governador de Goiás ainda não definiu seu futuro político. Diz que ainda avalia o cenário eleitoral e que a única certeza é que estará mergulhado de corpo e alma na campanha do tucano que sair vitorioso das prévias.
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