quinta-feira, 2 de março de 2017

Estimativas do Banco Central para a inflação caem para 3,8%

A ata da última reunião do Copom também indica que uma aceleração no ritmo de corte de juros depende da extensão do ciclo e da evolução da atividade econômica

Fernando Nakagawa, Adriana Fernandes e Fabrício de Castro | O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - As estimativas oficiais do Banco Central para a inflação caíram novamente e as projeções do chamado "cenário de referência" já indicam inflação de 3,8% para 2017. A expectativa consta da ata da reunião da semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. No encontro anterior do colegiado, a previsão para o IPCA em 2017 era de 4,0%. Para 2018, a expectativa também caiu marginalmente e passou de 3,4% para 3,3%.

A estimativa foi feita com base na premissa de que as taxas de juros e câmbio seguirão inalteradas por todo o horizonte da estimativa. Segundo o BC, a expectativa foi construída com base na manutenção do juro em 13% ao ano (quadro observado até a semana passada) e na taxa de câmbio em R$ 3,10. Ao contrário de outras atas, o texto divulgado nesta quinta-feira, 2, não usa a expressão "cenário de referência" e explica as projeções "com taxas de juros e câmbio inalteradas".

No chamado "cenário de mercado" - que leva em conta a evolução das projeções dos analistas, a previsão para o IPCA em 2017 caiu de 4,4% para 4,2%. Para 2018, a expectativa desse cenário seguiu em 4,5%, mesmo patamar observado na ata anterior. O cenário de mercado leva em conta a evolução esperada para as taxas de juros - com taxa Selic de 9,50% ao ano no fim deste ano e 9,00% ao fim do próximo ano - e câmbio - com R$ 3,30 no fim de 2017 e R$ 3,40 no ano seguinte.

Juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) voltou a afirmar que eventual aceleração no ritmo de corte de juros depende de aspectos como a extensão do ciclo e a evolução da atividade econômica, além de temas estruturais como o juro neutro no País. A avaliação consta da ata da mais recente reunião do colegiado, divulgada nesta quinta-feira, 2.

"O Copom ressalta que uma possível intensificação do ritmo de flexibilização monetária dependerá da estimativa da extensão do ciclo, mas, também, da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco e das projeções e expectativas de inflação", cita o parágrafo 27 da ata.

Outro aspecto citado no documento é o chamado juro neutro - situação em que a taxa de juro não pressiona os preços nem contém a atividade econômica. "O Copom entende que a extensão do ciclo de flexibilização monetária dependerá das estimativas da taxa de juros estrutural da economia brasileira, que continuarão a ser reavaliadas pelo Comitê ao longo do tempo", cita a ata, no parágrafo 26.

Nesse mesmo trecho do documento, os diretores do BC explicam que a redução do juro de 13% para 12,25% foi tomada com o entendimento de que "a convergência da inflação para a meta de 4,5% no horizonte relevante para a condução da política monetária". Esse horizonte utilizado pelo BC, explica o texto, "inclui os anos-calendário de 2017 e, com peso gradualmente crescente, de 2018, é compatível com o processo de flexibilização monetária".

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