- Folha de S. Paulo
O ministro Herman Benjamin começou a ouvir os executivos da Odebrecht sobre o financiamento da campanha vitoriosa em 2014. Se eles confirmarem as suspeitas da Lava Jato, o relator deverá pedir a cassação da chapa Dilma-Temer. É por isso que o governo está botando o bloco na rua para melar o processo no Tribunal Superior Eleitoral.
O Planalto opera em três frentes para estancar a sangria na corte. Na primeira, articula novas chicanas para protelar ainda mais a investigação. Na segunda, prepara a troca de três ministros antes do julgamento. Na terceira, aposta na pressão política para convencer o TSE a poupar o presidente da guilhotina.
A ordem para empurrar o processo com a barriga é antiga. Na Quarta-Feira de Cinzas, surgiu uma novidade. Assessores de Temer informaram que ele estuda pedir a anulação dos depoimentos da Odebrecht. No mínimo, o novo recurso retardará mais o julgamento. Se possível, até 2018.
A outra aposta do Planalto é a troca dos ministros do tribunal. Dois já serão substituídos até maio. Agora o governo passou a contar também com a saída do relator Benjamin. É como se um time que corre o risco de perder pudesse substituir o juiz e os bandeirinhas antes do fim do jogo.
Se nada disso funcionar, o Planalto sacará a arma política. Aliados de Temer já argumentam que a cassação do mandato seria uma pena rigorosa demais para o crime de financiamento irregular de campanha. Além disso, as reformas estão aí e a elite econômica quer evitar novas incertezas. Mesmo que para isso seja necessário deixar de aplicar a lei.
No dia em que Marcelo Odebrecht depôs ao TSE, a liga do samba carioca produziu um típico acordão à brasileira. A poucas horas da apuração, os barões do bicho se reuniram e rasgaram o regulamento. O pacto impediu que uma grande escola fosse rebaixada após o desabamento de um carro alegórico. Se deixarem, os marqueses de Brasília ainda transformam o Brasil numa grande Sapucaí.
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