Executivo da Odebrecht confirma que codinome “Italiano”, registrado em planilha de propina, era do ex-ministro da Fazenda.
‘A gente sabia que o Italiano era o Palocci’, diz executivo da Odebrecht
Em depoimento a Moro, Fernando Barbosa confirma codinome; ex-ministro nega
Gustavo Schmitt e Cleide Carvalho | O Globo
SÃO PAULO- Pela primeira vez, um executivo da Odebrecht confirmou que o codinome “Italiano”, que aparecia em planilhas de pagamento de propina da empresa, pertencia ao ex-ministro Antonio Palocci. A afirmação foi feita ao juiz Sérgio Moro por Fernando Sampaio Barbosa, executivo da empreiteira que presidiu o Estaleiro Paraguaçu, fornecedor de sondas para a Petrobras. Testemunha de defesa do empresário Marcelo Odebrecht, Barbosa prestou depoimento por videoconferência. Moro perguntou se ele sabia quem era o “Italiano” mencionado nos e-mails internos da companhia.
— A gente sabia que o “Italiano” era o Palocci — afirmou Barbosa. — A gente sabia quem? — insistiu Moro. — Eu sabia. Eu tinha sido informado pelo Márcio Faria — respondeu Barbosa, referindose ao executivo apontado como representante da Odebrecht no cartel da Petrobras.
Nas investigações da Operação Lava-Jato, o apelido “italiano” aparece numa das planilhas apreendidas no setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, mais conhecido como departamento de propina. Para a Lava-Jato, todos os recursos movimentados por “Italiano” eram direcionados ao PT e alcançaram um total de R$ 128 milhões, entre 2008 e 2013.
Ao receber a denúncia contra Palocci, Moro afirmou em despacho haver provas de que o exministro era o responsável pela coordenação dos recebimentos da Odebrecht para seu grupo político. Na planilha “Posição Programa Especial Italiano”, apreendida no e-mail de Fernando Migliaccio da Silva, em julho de 2012, o valor disponível era “200.098”.
Há ainda, na parte inferior do documento, sob o título “Composição do Saldo”, os codinomes “Itália - 6.000”, “Amigo - 23.000” e “Pós Itália 50.000”. Para a força-tarefa da Lava-Jato, “pósitaliano” refere-se ao ex-ministro Guido Mantega, que teria sucedido Palocci na administração dos recursos. “Amigo” é uma referência que continua ainda sem identificação.
Na semana passada, após depoimento de Marcelo Odebrecht à Justiça Eleitoral, na investigação de irregularidades da chapa Dilma-Temer, a assessoria de Dilma afirmou não ser “verdade que Dilma Rousseff tenha indicado o ex-ministro Guido Mantega como seu representante junto a qualquer empresa tendo como objetivo a arrecadação financeira para as campanhas presidenciais” e que, nas duas eleições, foram designados tesoureiros.
No processo, Palocci é acusado de ter pedido à Odebrecht que fizesse pagamentos no exterior a João Santana para cobrir gastos de campanha do PT. Marcelo Odebrecht é réu por corrupção ativa. Ele é acusado por, supostamente, ter oferecido propina ao ex-ministro Antonio Palocci para beneficiar a empreiteira por meio de decisões de governo. Palocci seria ainda o responsável por gerenciar a conta de propina que a Odebrecht mantinha com o PT. O ex-ministro nega as acusações e diz que não é o “Italiano”. Marcelo Odebrecht e 77 executivos da empreiteira fecharam acordo de delação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário