Por Raphael Di Cunto | Valor Econômico
BRASÍLIA - O governo trabalha para obter na comissão da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, na quarta-feira, o apoio de 3/5 dos integrantes. A meta é fazer entre 22 e 25 votos, dentre os 37 participantes, como demonstração de força para aprovar o texto em plenário - percentual necessário para atingir os 308 votos exigidos por propostas de emendas à Constituição (PEC).
"É um simbolismo importante", afirma o coordenador do governo na comissão, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS). A meta é mais fácil de atingir, reconhecem os governistas, porque os integrantes da comissão contrários podem ser substituídos pelos partidos a qualquer momento. Mas mesmo integrantes da base estão reticentes.
O PR, um dos partidos que mais preocupa o Palácio, tem três titulares na comissão. Mas só duas das cadeiras titulares estão preenchidas. Segundo integrantes da legenda, até há parlamentares dispostos a votar na proposta em plenário, mas não estão encontrando quem aceite o desgaste de ir para a comissão.
Entre os suplentes, e que votariam na ausência dos titulares, Wellington Roberto (PB) não foge das polêmicas - foi da tropa de choque do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) -, mas já pediu para deixar o posto. O governo pressiona o líder da bancada, Aelton Freitas (MG), a votar no lugar.
No PSDB, um dos três titulares votará contra. "Não estou convencido do projeto, a tendência é votar não", disse o deputado Eduardo Barboza (PSDB-MG). O partido pressiona o governo a elevar o acúmulo de pensões e aposentadoria até o teto do INSS (R$ 5,5 mil), hoje de dois salários mínimos, e garantir aposentadoria integral por invalidez em acidentes fora do trabalho.
O tucano afirma que sua posição também reflete o sentimento da bancada. "Num assunto desses, para votar a favor, só com respaldo da maioria", disse. Em reunião na terça-feira, 24 dos deputados do PSDB declararam que votariam contra, três a favor e três apoiariam se o partido fechasse questão.
Já os outros dois tucanos na comissão votarão a favor. "Não é algo que faço com gosto, mas é uma necessidade para o país", afirmou o deputado Giuseppe Vecci, ex-secretário de Planejamento de Goiás. Outros partidos da base estão com os integrantes da comissão fechados a favor da reforma: PMDB, PP, DEM e PSD.
O PSB, com um ministério, mas que fechou questão contra as reformas, está representado na comissão por um dos deputados da ala contrária. As contas do governo não consideram duas siglas da base, SDD e PTB. A avaliação é que o desgaste de obrigar o PTB a tirar o deputado Arnaldo Faria de Sá (SP) seria maior que perder um voto. Há hoje pelo menos 15 votos contra a reforma na comissão.
Não há, porém, chance de o parecer do deputado Arthur Maia (PPS-BA) não ser aprovado pela comissão. A votação na comissão, adiada de terça-feira para quarta-feira, dia 4, é por maioria simples dos presentes. Mas esses parlamentares têm exigido do governo que a proposta seja realmente votada em plenário, para não ficarem sozinhos com o desgaste.
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