Três ataques terroristas em menos de três meses, o último a cinco dias das eleições, puseram a primeira-ministra britânica Theresa May na berlinda. Não está claro o impacto dos hediondos atentados e seus 34 mortos no pleito, mas a líder conservadora se acha hoje em posição menos confortável.
Há seis semanas, May teve sucesso com a proposta de antecipar para quinta-feira (8) eleições que só aconteceriam em 2020. Conquistou 522 votos (contra 13) a favor da ideia no Parlamento e reforçou sua liderança para negociar a saída do Reino Unido da União Europeia.
Fazia um mês que o episódio terrorista na ponte de Westminster deixara cinco mortos. Parecia um fato isolado, após 12 anos sem ocorrências significativas, desde as 52 vítimas nos ataques de 2005.
Sobreveio então a chacina de Manchester, em que um homem-bomba matou 22 pessoas na saída de um concerto de música. E, no último sábado (3), repetiu-se na ponte de Londres atentado por atropelamento, com sete mortes.
O recrudescimento da violência favorece, em princípio, a posição eleitoral dos conservadores, tidos como mais rigorosos do que os adversários trabalhistas.
No dia seguinte, May falou duro sobre o último ataque. Disse que é preciso dar um basta no que chamou de excesso de tolerância com o terrorismo. Prometeu enrijecer a política de vigilância, agravando penas e combatendo refúgios de extremistas na internet.
May tem familiaridade com o tema. Por seis anos, antes de se tornar primeira-ministra, comandou a pasta do Interior, responsável pela prevenção de atentados. Com sucesso, pode-se dizer, pois houve apenas uma morte por essa causa (em 2013) durante sua gestão.
No entanto, seu oponente trabalhista na eleição, Jeremy Corbyn, acusou-a de cortar, como ministra, milhares de vagas no aparelho policial. Isso teria enfraquecido a capacidade de reação contra os "lobos solitários" inspirados pela facção Estado Islâmico.
Em meio à comoção suscitada pelas mortes, não parece fácil discernir se o público britânico dará razão a Corbyn, com dano eleitoral a May, ou se verá oportunismo na acusação do candidato trabalhista.
Fato é que a vantagem da líder conservadora sobre ele se estreitou nas últimas semanas. As pesquisas mais recentes de intenção de voto ainda dão a ela dianteira de 1 a 12 pontos percentuais —dispersão que provoca desconfiança, sobretudo após o fracasso nas previsões quanto ao Brexit.
À incerteza econômica criada pelo divórcio com o bloco europeu se soma agora a insegurança pública, a tornar mais imprevisível o resultado do pleito britânico.
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