Participantes tomaram as duas pistas da avenida, na altura do Masp, e carregaram uma enorme faixa: 'Eleição sem Lula é fraude'
Gilberto Amendola e Marcelo Osakabe, O Estado de S.Paulo
Manifestantes tomaram as duas pistas da Av. Paulista, na altura do Masp, para o ato em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo "fora, Temer", "Diretas Já" e contra as reformas trabalhista e da Previdência. Eles chegaram a ocupam três quarteirões, até as proximidades do prédio da Fiesp. O ato, que começou às 17h, começou a dispersar às 21h, após o discurso de Lula.
O ato conta com dois carros de som e a presença de representantes da CUT, Sindicato dos Bancários, da UGT, PT, PCdoB e Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil. Foi exposta também uma enorme faixa com a inscrição: "Eleição sem Lula é fraude". A Polícia Militar informou que não irá divulgar a estimativa de público.
Homenageado na manifestação, Lula chegou por volta das 19h. O ex-presidente saiu em defesa de eleições diretas: "Eu nem sei se estarei vivo para ser candidato, mas eles querem impedir até que eu seja indicado pelos partidos de esquerda". Apesar de o juiz federal Sérgio Moro ter determinado a inegibilidade de Lula, ele e o PT já o lançam como candidato em 2018.
Lula também disse que, se Temer "tivesse o mínimo de compromisso com o povo brasileiro", mandaria para o Congresso uma emenda constitucional para as eleições diretas. Lula ainda disse que o ato desta quinta seria apenas o primeiro: "Esse é o primeiro ato, eles sabem que nós vamos conquistar eleições diretas para o povo brasileiro".
"Como não conseguem me derrotar na política, querem me derrotar com processos e inquéritos", fazendo referência à sua condenação de 9 anos e meio, por Moro. "Se a PF, o Ministério Público e o juiz Sérgio Moro tiverem uma prova que eu recebi cinco centavos, por favor, me desmoralizem, me prendam", desafiou o ex-presidente.
Em discurso, antes de o ex-presidente tomar a fala, o líder do MTST Guilherme Boulos disse que a condenação de Lula "quer resolver a eleição no tapetão" e que está pronto para gritar "fora, Maia" também, em referência ao presidente da Câmara dos Deputados e primeiro da linha sucessória, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Do carro de som, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT-RS) entoou discurso também em defesa da candidatura de Lula no ano que vem:"Se querem ganhar do Lula, ganhem nas urnas, ganhem nos votos". O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) também defendeu que se as elites quiserem ter estabilidade no País, terão que disputar nas urnas. "Eles não estão nem aí se o Brasil está voltando para o mapa da fome", prosseguiu o senador.
O juiz federal Sérgio Moro também foi alvo de críticas na manifestação. Lindbergh chamou-o de "covarde". "O senhor é um covarde porque um juiz devia ser imparcial. Queria ver bloquear as contas do (senador) Aécio (Neves-PSDB-MG)", afirmou o petista, em referência a decisões recentes da justiça de bloquear bens de Lula, nesta quarta-feira. Já Gleisi chegou a dizer que Moro teria ganho em um ano o que "Lula levou uma vida inteira para poupar".
O presidente do PT estadual, Luiz Marinho, chamou o juiz de Curitiba de "um torcedor escondido atrás de uma toga".
O deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) foi um dos primeiros a discursar e pedir para que "a população se organize para realizar uma série de manifestações no próximo dia 2 de agosto. Nesse dia, precisamos tomar as ruas, fábricas e escolas para que o Congresso afaste o presidente Michel Temer". A votação da denúncia de corrupção passiva contra o presidente Temer será votada nesta data no plenário da Câmara.
O presidente municipal do PT, Paulo Fiorilo, puxou um coro em homenagem ao ex-assessor especial da presidência, Marco Aurélio Garcia, falecido nesta quinta-feira, e a ex-primeira dama Dona Marisa Letícia.
Doria. A organização do ato pediu em determinado momento uma vaia para o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB) - já que a administração municipal, segundo os manifestantes, estaria filmando o ato. Doria foi chamado de "autoritário" e responsável por uma tentativa de "desmonte dos movimentos sociais da cidade". Em discurso, o senador Lindbergh Farias também atacou o prefeito, chamando-o de "fascista que joga água fria em morador de rua".
Outras capitais. Militantes do PT também se manifestaram em Brasília, na Praça dos Três Poderes, em frente ao Palácio do Planalto, em solidariedade ao ex-presidente Lula e gritando "Fora Temer". No Rio de Janeiro, centenas de manifestantes ocuparam a região da Cinelândia, próximo do Teatro Municipal, para manifestar apoio a Lula e protestar contra o governo atual. Outras cidades como Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador registraram protestos contra Temer e a favor de Lula.
Nenhum comentário:
Postar um comentário