Por Marcos de Moura e Souza | Valor Econômico
BELO HORIZONTE - Manter o PMDB ao seu lado em 2018 é o objetivo do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), para levar adiante seu plano de reeleição. O PMDB é o maior da base e foi decisivo para sua vitória nas eleições de 2014. Mas os peemedebistas estão divididos e lideranças sustentam que o partido deve lançar candidato próprio.
Há dois blocos medindo forças. Um deles, e hoje mais importante, é comandado pelo presidente da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Adalclever Lopes (PMDB). Outro, tem à frente o presidente estadual da legenda, o vice-governador Antonio Andrade, que está rompido com o governador desde o ano passado.
Lopes é aliado de Pimentel, aparecem juntos em eventos públicos e é sempre muito elogiado por ele. Petistas o tem como aliado certo. Ao Valor, o líder do governo na Assembleia, Durval Ângelo (PT), diz que já está tudo combinado: Pimentel terá outro vice do PMDB e Adalclever Lopes será candidato a deputado federal. Ele é filho do deputado federal Mauro Lopes (PMDB-MG).
Mas um veterano da política mineira, próximo a Adalclever Lopes, levanta dúvidas sobre essa engenharia para 2018.
"Não creio numa nova candidatura do Pimentel", disse o ex-governador Newton Cardoso (PMDB). "Não é que eu deseje isso, mas pelo andar da carruagem, ele será afastado. Então, o Antônio Andrade assume e o Adalclever será nosso candidato", disse Cardoso, que não tem cargo eletivo. Seu filho, Newton Cardoso Júnior, é deputado federal do PMDB mineiro.
Newton pai continua: "Mesmo que o Pimentel não saia, vamos apoiar o Adalclever". Perguntado se vê interesse no deputado estadual em disputar o cargo de governador, Newton Cardoso disse duas vezes: "Ele é candidatíssimo".
Adalclever Lopes tem evitado dizer com todas as letras que vai trabalhar pela reeleição do governador. Procurado pelo Valor, seu assessoria disse que ele está em recesso e que não o localizou.
O afastamento é um risco que Fernando Pimentel tem pelo caminho. O governador é alvo de duas ações que estão no Superior Tribunal de Justiça (STJ) nas quais ele é acusado de crimes de corrupção.
O tribunal ainda não decidiu se ele deve ou não ser tonado réu. Caso decida que sim, os ministros do STJ terão também de decidir se, ao se tornar réu, Pimentel deve, automaticamente,ser afastado do cargo. A Constituição de Minas diz que o governador que vira réu é afastado.
No PMDB, quem também fala de candidatura própria ao governo de Minas Gerais é o deputado federal Rodrigo Pacheco. Pacheco, que foi uma surpresa na eleição a prefeito de Belo Horizonte no ano passado (ficou em terceiro lugar), ganhou evidência nacional por presidir a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal.
"Para 2018, eu defendo a candidatura própria", disse ele. "Meu nome está à disposição do partido e do grupo político", reforçou.
Pacheco tem seus trunfos. Advogado, 40 anos, exerce seu primeiro mandato como deputado federal etem recursos próprios para bancar parte de uma eventual campanha ao governo.
Amigo de lideranças do PSDB mineiro, Pacheco é um dos peemedebistas do Estado que teriam mais chances de atrair os tucanos para apoiar uma eventual candidatura a governo do Estado encabeçada pelo PMDB.
Os tucanos estão em busca de um candidato e enfrentam um momento de desgaste provocado pela gravação de conversa entre o senador Aécio Neves (PSDB-MG) pedindo R$ 2 milhões para o empresário Joesley Batista.
Quem defende com mais empenho a tese de um candidato do PMDB a governo é o vice Antônio Andrade. Ele perdeu cargos no governo e foi colocado na geladeira por Pimentel. Mas, mesmo enfraquecido, continua sendo presidente estadual da legenda. A executiva nacional decidiu que ele fica no posto até o fim de 2018.
"O que eu defendo a todo momento é uma candidatura própria do PMDB a governo do Estado. Quem vai decidir o candidato serão os convencionais do partido". Mas ele próprio já se coloca como uma opção. "Estou á disposição do partido", disse.
O PMDB é o maior partido de Minas, tem a maior bancada na Assembleia Legislativa e governa 167 municípios de um total de 853 no Estado. O PMDB de Minas também é o maior do país.
Depois de três governos seguidos sob comando do PSDB -- dois deles tendo Aécio como governador e outro o hoje também senador tucano Antônio Anastasia --, Minas Gerais passou a ser o principal Estado governado pelo PT. A vitória em 2014 com o PMDB seguiu a aliança nacional entre os dois partidos, quando Dilma Rousseff se reelegue ao lafo de Michel Temer. Petistas e peemedebistas estão de lados opostos no plano federal desde o impeachment e assim estarão em 2018.
Fernando Pimentel aparece como nome forte para a reeleição em Minas e não tem no radar adversários claros por enquanto.
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