sábado, 12 de agosto de 2017

Empregos melhores – Editorial | Folha de S. Paulo

Ainda não de todo segura, firma-se uma retomada gradual da economia. Aos sinais de estabilização de vendas, produção e crédito, soma-se agora alguma criação de empregos, inclusive formais, em setores diversos.

Em julho foram acrescentados ao mercado de trabalho 35,9 mil postos com carteira assinada, o quarto resultado mensal positivo em sequência. Desde o início deste ano já são 71 mil novas vagas, melhora significativa frente à destruição de 644,3 mil no período correspondente de 2016.

Mais importante, a disposição de contratar começa a se alastrar por numerosas atividades. A indústria abriu 12,6 mil vagas no mês. Comércio, serviços e até a construção civil, o segmento mais castigado pela recessão, também apresentaram números positivos.

Nota-se, assim, uma reação que por ora se sobrepõe às incertezas do cenário político, em particular quanto ao risco de esvaziamento da crucial reforma da Previdência.

Fator decisivo para tanto é a queda acentuada da inflação nos últimos meses, que abre espaço para juros mais baixos. A taxa Selic, do Banco Central, já caiu de 14,25% para 9,25% ao ano; espera-se que chegue aos 7,5% até dezembro.

Com certo retardo, essa redução chega aos custos ainda muito elevados dos financiamentos bancários, o que se traduz em considerável alívio para consumidores e empresas. Não por acaso, a inadimplência está há meses em queda, algo que em geral antecede a volta de novos empréstimos.

A recuperação da economia, nesse contexto, mostra-se palpável. Até pela profundidade da recessão que fica para trás, não será surpreendente se, ao final do ano, o país estiver crescendo a um ritmo próximo de 2%, na comparação com o trimestre final de 2016 —um desempenho modesto, mas satisfatório para o momento.

Seria grave erro, entretanto, desconsiderar o obstáculo representado pelo trágico estado das finanças do governo. Se até aqui não há turbulências no mercado credor da dívida pública, a confiança dos investidores ampara-se basicamente na perspectiva de continuidade do ajuste orçamentário.

Dúvidas quanto a isso após o escândalo da delação da JBS foram rapidamente dissipadas, e os olhares já se voltam para 2018, quando será definido nas urnas o rumo para o país nos próximos anos.

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