- Folha de S. Paulo
Foi inesperada a hiperatividade do governo Temer nesta semana ao anunciar medidas para tentar reativar o consumo e o investimento. Com o intento de virar a chave do ajuste fiscal claudicante, o Palácio do Planalto divulgou uma lista de novas privatizações —incluindo Eletrobras, Casa da Moeda e Congonhas—, a liberação de R$ 16 bilhões do PIS/Pasep para idosos e uma nova linha de crédito do BNDES para capital de giro.
O pacote trombeteado desperta dúvidas, principalmente, sobre sua viabilidade política. Temer encontra dificuldades entre seus aliados para fazer avançar qualquer iniciativa —vide o número de medidas provisórias que correm risco de perder (ou já perderam) a validade devido ao clima escrachado de barganha no Congresso e à babel que se tornou a discussão da reforma política.
Há desconfiança sobre o real impacto das medidas, mas há que se falar em efeitos psicológicos. Quem explicou dias atrás foi o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) : "Algumas pessoas me perguntam: quando é o 'feel good' [sentir-se bem]? Quando a população vai sentir a melhora? É uma questão um pouco de psicologia, um pouco de realidade". A realidade dá sinais opacos de melhora. O governo busca fabricar um ambiente positivo para o mercado, o empresariado e a população.
Meirelles aproveita o embalo para investir em novas frentes. Na última quinta-feira, ele participou de uma Convenção da Assembleia de Deus em Juiz de Fora. Pediu aos presentes oração pela agenda de reformas e ouviu manifestações de apoio. Não foi a primeira vez que o ministro se reuniu com líderes evangélicos. Tem se aproximado deles com o argumento de que são a favor do trabalho e da seriedade. Os evangélicos representam 29% da população.
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