- O Estado de S.Paulo
PSDB e DEM são vistos pelo mercado como partidos que podem neutralizar os extremos
Difícil dizer que o quadro para a disputa presidencial do ano que vem está perto de se definir. Até porque não se sabe nem como é que os partidos vão arrumar dinheiro para bancar as campanhas, se de um fundo público, ou das velhas doações empresariais. Mas alguns sinais sobre o comportamento dos partidos começam a aparecer fora de situações mais ou menos previstas, como as candidatura do ex-presidente Lula pelo PT, do ex-ministro Ciro Gomes pelo PDT, e do deputado Jair Bolsonaro pelo “movimento bolsonariano”, como se definem os seguidores do capitão-deputado, não interessa a qual partido ele se filiar.
O PSDB, por exemplo, concluiu que não dá para viver na crise infinita que se retroalimenta pelos contrários e os favoráveis ao governo de Michel Temer. E que não vale a pena entrar numa disputa com o velho parceiro DEM num momento em que todos os sinais recebidos do mercado, que sempre os apoiou, apontam para uma realidade da qual não podem fugir: são eles que têm condição de construir uma candidatura presidencial ao centro do espectro político brasileiro com possibilidade de vitória. E a volta da dobradinha, se vier a ocorrer, possibilitará a neutralização de alguns extremos. Um deles, representado por Jair Bolsonaro e sua bandeira conservadora, outro, por Ciro Gomes e suas ideias pouco previsíveis, e mais um outro, o de Lula, cada vez mais populista.
O mercado parece não confiar na possibilidade de a ex-ministra Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, repetir a boa votação que teve nas eleições de 2010, pelo PV, e de 2014, pelo PSB. Ou porque não tem certeza de que ela será candidata, ou por achar que hoje suas propostas talvez não consigam mais encantar o eleitor. Mas, como já foi dito, agora é que as peças começam a se mexer e ainda falta mais de um ano para a eleição. Existe ainda a possibilidade de candidatura do ministro Henrique Meirelles pelo centro político. Mas ela só será viável se o partido dele, o PSD, conseguir uma aliança muito forte com legendas da atual base governista, o que não parece fácil, pelo menos no momento.
Diante dos recados recebidos, o PSDB resolveu pôr um fim às disputas internas. Ficou combinado que o senador Tasso Jereissati (CE), presidente interino do partido, será o único porta-voz dos tucanos e que Aécio Neves, licenciado, ficará no seu canto. O partido esquece a ideia de sair do governo. Seguirá com Temer. Afinal, foi um dos principais articuladores do impeachment de Dilma Rousseff e pilar para a ascensão do grupo que está no poder. Juntamente com o DEM, deu apoio às reformas, como a do teto de gastos públicos, trabalhista, regulamentação da mão de obra terceirizada e fim da exigência de participação da Petrobrás em todos os empreendimentos do pré-sal.
Não há, portanto, a possibilidade de se livrar da imagem impopular de Temer. Até porque, impopular por impopular, Temer conseguiu fazer mudanças que nenhum presidente havia conseguido. Então, o melhor que o partido pode fazer, na visão dos tucanos, é tentar extrair o máximo que puder das reformas para sua campanha. E dar início à publicidade de algumas outras bandeiras. O deputado Marcus Pestana (MG) ficou encarregado de fazer um projeto de emenda constitucional que prevê novo plebiscito, no qual a população votará outra vez se quer o presidencialismo ou o parlamentarismo, a volta da monarquia ou a continuidade da República.
Quanto ao candidato à Presidência para o ano que vem, a direção do PSDB decidiu apostar no governador Geraldo Alckmin. Na entrevista que concedeu ao repórter Pedro Venceslau, do Estado, Tasso Jereissati disse que o primeiro da fila é Alckmin. Nenhuma direção partidária faz esse tipo de declaração à toa. O candidato hoje é Alckmin.
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