Marcos de Moura e Souza | Valor Econômico
BELO HORIZONTE - Em discurso ontem no interior de Minas Gerais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que já não é mais o momento de pedir a saída antecipada de Michel Temer da Presidência, mas de defender o nome de um novo presidente ou de uma presidente. Pré-candidato ao Planalto, ele não explicou a quem se referia ao mencionar a possibilidade de uma mulher comandar o país pela segunda vez.
Em um palanque armado na cidade de Salinas, Lula afirmou que tem viajado o país e vai denunciar as "mazelas e as safadezas" que acontecem na gestão Temer. "E vai fazer que o povo brasileiro adquira consciência e venha para a rua para a gente definitivamente não ficar gritando mais 'fora Temer', mas a gente gritar o nome de um futuro presidente da República ou de uma presidenta", completou.
A candidatura de Lula pode ser inviabilizada caso ele seja condenado em segunda instância em um dos sete processos penais em que é réu por corrupção passiva. Até agora, a maior aposta dentro do PT sobre um eventual nome para substituir Lula é o do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), que deve se agregar à caravana do petista em Minas gerais.
Lula afirmou estar com muita disposição aos 72 anos, que completa hoje. E afirmou: "Vamos disputar as eleições de 2018 para provar que não se conserta esse país jogando a culpa no povo pobre, no povo trabalhador".
Em outro trecho de seu discurso, recheado de alusões a seus dois mandatos presidenciais (2003-2006 e 2007-2010), Lula fez menção também a Dilma Rousseff, primeira mulher eleita presidente do país, mas afastada do cargo no ano passado por meio de um processo de impeachment. "Cassaram a Dilma dizendo que o Brasil não prestava por causa da Dilma. A Dilma está fora [da Presidência] há dois anos e Brasil está pior", disse Lula.
Lula também visitou Araçuaí, com 37 mil habitantes no nordeste do Estado, onde fez breve discurso em um carro de som.
No local, prometeu revogar a norma instituída por Temer que estabelece um teto de gastos no setor público. "Nós vamos ter que revogar a tal da PEC [Proposta de Emenda à Constituição] que o Temer conseguir votar no Congresso Nacional que limita o gasto com a educação e o gasto com a saúde", disse.
A PEC foi aprovada no fim de 2016 para vigorar pelas próximas duas décadas. Críticos afirmam que a medida vai levar a uma piora na qualidade dos serviços de educação e saúde.
Em entrevista ao Valor publicada no dia 18, o ex-ministro da Fazenda e do Planejamento de Dilma, Nelson Barbosa, já havia defendido a revisão do teto dos gastos. "Isso vai ter que ser reformulado", disse. Para ele, a ideia de controlar mais o gasto público é correta, mas, da forma como foi aprovada, reduzirá o tamanho do Estado num ritmo muito acelerado e prejudicial ao país.
Lula tem viajado de ônibus por Minas Gerais desde segunda-feira. Na sexta, ele estará em Montes Claros, onde se encontrará com o empresário Josué Gomes da Silva, do grupo têxtil Coteminas e filho de José Alencar, que foi vice-presidente durante os dois governo do petista. Haddad também participará do encontro. (colaborou Cristiane Agostine, de Caxambu)
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